quarta-feira, maio 27, 2015

TRÊS FILMES LATINO-AMERICANOS



Vou confessar uma coisa: eu acho que tenho um pouco de má vontade com relação a filmes latino-americanos. Não falo do que o Buñuel realizou no México nos anos 1950 ou de alguns casos bem especiais, como o argentino RELATOS SELVAGENS, mas, diferente de filmes brasileiros, que eu já vou com uma boa vontade natural, mesmo para ver alguns de gosto duvidoso, os filmes latino-americanos precisam me conquistar de verdade. Segue, abaixo, três casos que não me fizeram amá-los, dois argentinos e um mexicano. Todos foram vistos no cinema.

BEM PERTO DE BUENOS AIRES (Historia del Miedo)

A semelhança com O SOM AO REDOR pode ser mera coincidência, mas trata-se de um filme que também lida com questões relativas a diferenças de classes sociais, utilizando o registro do cinema fantástico a fim de criar uma atmosfera de medo e apreensão em diversos momentos. Também há semelhança no que se refere ao número de personagens, como num filme coral, faltando um protagonista, por assim dizer. O mais interessante desse grupo é um sujeito de rosto estranho e marcante. O que é mais interessante em BEM PERTO DE BUENOS AIRES (2014), de Benjamín Naishtat, é o modo como ele desconstrói a ação e a narrativa tradicional, deixando o espectador um tanto perdido. É bem provável que seja um caso de filme a rever, até por ter apenas 70 e poucos minutos de duração. Algumas boas cenas ficam na memória, como o momento do blecaute.

O CRÍTICO (El Crítico)

Eis um filme que tinha tudo para me agradar, mas que depois de um começo interessante vai se tornando enfadonho e perdendo a força. O CRÍTICO (2013), de Hernan Guerschuny, nos apresenta a um crítico de cinema que odeia comédias românticas, e também é bastante exigente com a grande maioria dos filmes que vê. Sua vida acaba sendo um tanto sem graça, frequentando sem entusiasmo cabines fechadas para a imprensa e conversando depois com outros colegas críticos que parecem tão sem graça que a vida. Até um dia em que ele conhece uma mulher por quem se apaixona, vivida por uma bela interessante Dolores Fonzi, e começa a ver sua vida como uma comédia romântica cheia dos clichês que ele tanto odiava. Pena que o filme nem consegue ser uma boa comédia romântica, nem sabe usar o cinismo do personagem masculino a seu favor, nem traz uma conclusão satisfatória.

CLUB SANDWICH (Club Sándwich)

O caso de CLUB SANDWICH (2013, foto), de Fernando Eimbcke, é menos complicado, pois se trata de um filme bem menos ambicioso que os demais. É também uma obra claramente de baixo custo, com praticamente três personagens: a mãe, o filho adolescente e sua primeira namoradinha. A relação entre essa mãe solteira e o filho tão apegado a ela é de uma proximidade e uma amizade que é comprometida quando o garoto passa a descobrir a sua sexualidade e principalmente quando ele conhece a menina. Até então, a figura sexual mais próxima a ele era a própria mãe. Para a mãe, principia o distanciamento desse filho que esteve tantos anos grudado a ela, já que ela também sente ciúme da mocinha e começa a surgir um atrito. O legal do namoro dos jovens é que gera alguns momentos picantes, pelo menos até onde o filme se permite.

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