segunda-feira, maio 08, 2017

TOP OF THE LAKE























No mesmo ano que TWIN PEAKS retorna, uma minissérie de prestígio mais recente, TOP OF THE LAKE (2013), também volta. Detalhe: ambas terão sua première com os dois primeiros episódios no Festival de Cannes. TOP OF THE LAKE não foi pensada para ser uma série, mas uma minissérie. E, de fato, há uma história fechada, contada em sete episódios de menos de uma hora cada.

TOP OF THE LAKE, assim como THE KILLING (2011-2014), é devedora do caminho aberto pela revolucionária série de David Lynch e Mark Frost. A principal diferença é que aqui não temos nem humor nem surrealismo. É tudo muito sério, inclusive. Até porque se trata de uma minissérie de denúncia dos abusos que as mulheres sofrem dos homens, que são mostrados quase em toda a totalidade como seres repugnantes.

Jane Campion, junto com Gerard Lee, são os criadores da produção, que nos apresenta ao caso de uma garotinha de 12 anos de idade que se descobre grávida. Passando uma temporada em sua cidade natal, Robin, a detetive de polícia vivida por Elisabeth Moss, é chamada para ajudar no caso. Com pouco esforço, ela consegue conversar com a garota, coisa que os policiais da cidade não haviam conseguido.

Aos poucos, vamos percebendo, à medida que a história nos apresenta mais aprofundadamente a protagonista, que ela tem seus motivos para estar bastante interessada no caso de Tui, a garotinha grávida, que já no segundo episódio desaparece. Teria fugido? Ou foi sequestrada? Está viva ou morta? O pai da menina tem algo a ver com isso? São várias perguntas que surgem e que permanecem sem serem contadas por alguns episódios. Lembrando que o pai da garota, Matt (Peter Mulan), é temido na cidade justamente por ser extremamente perverso. Logo no primeiro episódio, por exemplo, vemos do que ele é capaz.

O que deixa Matt enfurecido de verdade é a invasão de um grupo de mulheres pertencentes a uma espécie de comuna que carregam consigo traumas com maridos e amantes e que seguem uma estranha senhora grisalha chamada apensa de GJ, vivida por Holly Hunter, que havia trabalhado com Jane Campion em O PIANO (1993), filme vencedor da Palma de Ouro em Cannes.

As cenas mostrando a paisagem da Nova Zelândia são excepcionalmente belas e contribuem para enriquecer a experiência de ver TOP OF THE LAKE. O problema é que a minissérie, a partir do terceiro episódio, perde um pouco o impacto dos primeiros, que nos deixam cheios de entusiasmo. Felizmente, ainda que de maneira anti-climática, o desfecho é bom, sem falar na direção de atores e todo o trabalho de interpretação, que eleva a série a uma categoria respeitável.

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