sábado, março 11, 2017

KONG – A ILHA DA CAVEIRA (Kong – Skull Island)























Lembram de como era empolgante ver o trailer de KING KONG, de Peter Jackson, e quando vimos o filme percebemos que não era aquilo tudo que esperávamos? Pois bem. O exato oposto acontece com KONG – A ILHA DA CAVEIRA (2017), do pouco conhecido diretor Jordan Vogt-Roberts. O trailer parecia mostrar um filme trashy e o que vemos é uma pequena joia que Hollywood é capaz de produzir de vez em quando. Por mais que o jeitão de filme B esteja presente do começo ao fim (e isso faz parte do charme de KONG), os quase 200 milhões de dólares investidos na produção podem ser visualizados em cada frame, muitas vezes prestando homenagem à época em que se passa, os anos 1970.

Uma das coisas que mais encanta em KONG é que trata-se de um filme que nos pega pelo braço desde os primeiros minutos e que, ao contrário da grande maioria dos filmes de ação movimentados que costumamos ver nos cinemas, ele não chega a perder o fôlego quando chega em seu clímax. Ao contrário: é preciso de vez em quando despregar da cadeira para ver mais de perto (como se o 3D já não nos aproximasse o bastante) o que estamos vendo. Ou seja, um espetáculo de monstros gigantes em uma aventura fora do comum. Pelo menos dentro do que costumamos ver atualmente.

Antes de mais nada, KONG – A ILHA DA CAVEIRA empolga por começar como uma espécie de APOCALYPSE NOW. Ou seja, um filme de busca de alguém perdido em uma floresta selvagem e inexplorada pela dita civilização. A comparação com o épico drama de guerra de Coppola não é em vão: há um cartaz da versão IMAX do filme que emula a adaptação da obra de Joseph Conrad. O próprio nome do personagem de Tom Hiddleston, aliás, é Conrad.

Não basta ter uma turma prestes a adentrar uma ilha desconhecida do Pacífico: é preciso também vários helicópteros militares para dar aquele ar de APOCALYPSE NOW. E com eles vêm uns rocks da década de 1970, como Jefferson Airplane, David Bowie, Black Sabbath, Creedence Clearwater Revival, que junto com a trilha orquestrada que dá o tom nos momentos mais intensos do filme ajudam bastante a diferenciá-lo de tantos outros que desembarcam todas as semanas nos cinemas.

KONG – A ILHA DA CAVEIRA tem mais a ver com os filmes da japonesa Toho, que originalmente criou o Godzilla, na década de 1950, do que com o King Kong original. Em nenhum momento, por exemplo, o filme tem a intenção de mostrar os personagens deixando a ilha. A ilha e os seus perigos e o aspecto heroico e nobre do gorilão Kong é que são os maiores apelos, embora não faltem bons personagens. Brie Larson está ótima como a repórter que cobre guerras, o já citado Tom Hiddleston ganha seu primeiro protagonismo de destaque em Hollywood e Samuel L. Jackson não precisa se esforçar nada para fazer o coronel louco por um conflito e que ficou triste com a saída dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã.

Outras produções a que KONG acaba remetendo, seja direta ou indiretamente, são os filmes de canibais que os italianos fizeram nas décadas de 1970/80. Há até uma cena que faz lembrar CANIBAL HOLOCAUSTO. Mas, embora haja um tanto de violência gráfica, ela é fruto mais dos efeitos visuais da Industrial Light & Magic e faz parte do pacote da diversão desse filme movimentado. É possível rir inúmeras vezes ao longo da narrativa. O então desconhecido Vogt-Roberts mostrou, além de tudo, possuir um bom timing cômico.

Justamente por isso é bom avisar que KONG – ILHA DA CAVEIRA não tem aquele tom dramático que as versões de KING KONG, dos anos 1930, 1970 e 2000 possuem. Ao contrário, a intenção aqui é divertir, fazer o espectador rir e às vezes até se segurar na cadeira em suas quase duas horas de diversão. Ao sair do cinema, fica até difícil imaginar outro blockbuster tão empolgante a aportar neste ano.

Aproveitando: há uma cena pós-créditos bem bacana.

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