terça-feira, fevereiro 07, 2017

LEMBRANÇAS DE HOLLYWOOD (Postcards from the Edge)























Não lembro por que motivo eu não cheguei a ver este filme nos cinemas. Acho que na época eu não via mesmo tudo o que passava nas telas. Era isso. Era início dos anos 1990 e eu ia ao cinema apenas aos fins de semana e acabei deixando passar alguns filmes. Tanto que a maior lembrança que eu tenho de LEMBRANÇAS DE HOLLYWOOD (1990) é justamente de chamadas na televisão. E talvez de uma matéria que saiu na revista SET, que ainda estava no seu auge.

Acabei indo ao filme por um motivo não muito feliz: a morte quase simultânea de filha e mãe: Carrie Fisher e Debby Reynolds, vividas no filme por Meryl Streep e Shirley MacLaine. O filme trata do relacionamento existente entre elas, embora haja uma mudança de nomes. Eu bem que preferia que usassem nomes verdadeiros, tanto das duas quanto dos diretores que aparecem. Gene Hackman, por exemplo, faz o papel de um dos diretores que trabalhou com Carrie Fisher. De acordo com a trivia do IMDB ele representa Richard Donner, mas ainda não descobri em que filme os dois trabalharam juntos.

Mas esse jogo de "quem é quem" acontece até que pouco em LEMBRANÇAS DE HOLLYWOOD. O que mais importa é o quanto o filme destaca de maneira sensível essa relação muito particular entre essas duas mulheres, do quanto Carrie se sentia eclipsada pela mãe, entre outros problemas que comumente surgem em sessões de terapia, além de seu problema de dependência química. Interessante o modo como o filme mostra os homens como completos idiotas. O próprio pai de Carrie era inválido e seus namorados nada verdadeiros, como é o caso do sujeito interpretado por Dennis Quaid, que a salva de uma overdose, mas que também acaba se mostrando um sujeito mulherengo e aproveitador.

Legal, aliás, poder ver ou rever nesses filmes da década de 1990 (ou de antes) alguns astros aparecendo mais jovens, como é o caso de Richard Dreyfuss e Annette Bening. A própria Shirley MacLaine está maravilhosa no papel da mãe. Há uma cena em que ela canta e dança em uma festa que é deliciosa. Sem falar que ela está deslumbrantemente linda, ainda que mais à frente vejamos que ela usa peruca e é tudo armado para que a ilusão da beleza siga em frente. Mas não há nada de errado com isso e maquiagem é um pouco isso também.

O que talvez falte no filme seja uma maior força, um maior impacto no espectador, no aspecto dramático. Apenas simpatizamos com a personagem de Mery Streep, não compartihamos de sua dor. Esse é um dos problemas de grande parte dos filmes de Mike Nichols, que até tem uma boa leva de grandes obras no currículo, em mais de quatro décadas de serviços prestados ao cinema, mas há também alguns que se apoiam demais na força de seus intérpretes, como é o caso da série de filmes que Nichols fez com Meryl Streep.

Antes desse os dois já vinham de SILKWOOD – O RETRATO DE UMA CORAGEM (1983) e A DIFÍCIL ARTE DE AMAR (1986). Os três filmes têm aquela cara de drama típico dos anos 1980 que se vê hoje com um misto de prazer nostálgico e quase desinteresse.

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