quinta-feira, setembro 08, 2016

VIAGEM A SAMPA - 2016























Desde 2012 que não punha os pés em São Paulo, um de meus lugares favoritos deste planeta (não entremos no mérito dos outros planetas, por ora). A desculpa desta vez para estar lá nem foi uma desculpa: foi quase um dever, mas ao mesmo tempo uma honra. Ser um dos poucos convidados a estar na festa de casamento de meu amigo Michel Simões foi motivo de muita alegria. Até por eu também poder encontrar vários amigos lá. Tem gente que eu conheço há 15 anos, vejam só! E como o Michel é um amigo-irmão, estava muito feliz em poder fazer parte desse momento tão especial na vida dele. Além de conhecer a sua simpática e amável noiva, a Cris Massuyama.

No primeiro dia, sábado, ao desembarcar na cidade, fui logo recepcionado pelo Chico Fireman, que dessa vez foi quem me emprestou o teto, já que o Michel estava bem ocupado com os preparatórios do casamento. Mas foram Michel e Cris que me levaram pra passear naquele sábado. Almoçamos no Cruzeiro, fomos ao MAC - Museu de Arte Contemporânea, um lugar enorme e muito interessante, saboreamos a possivelmente melhor coxinha da cidade (no Veloso), tentamos (re)ver um filme do Eric Rohmer (O JOELHO DE CLAIRE), no Cine Segal, e ainda fomos a um jantar especial em um restaurante japonês superlegal, o Kiiche. Quanto ao filme, devido ao cansaço e à privação de sono, nem consegui(mos) assistir, e nem dá pra contar como revisto, pois dormi mais do que vi. A sala é interessante e a exibição é mais barata por ser em DVD, pelo menos nesse horário específico, reservado a especiais de diretores de renome. O cansaço não nos deixou fazer muita coisa e eu também não queria alugar muito o casal.

No domingo, tive um dos momentos mais especiais da viagem: fui o convidado especial do Cinema na Varanda, um dos mais divertidos e inteligentes podcasts sobre cinema do país, formado por Chico Fireman, Michel Simões e Tiago Faria. Foi um prazer inenarrável, embora no começo, principalmente, o nervosismo se mostre explícito e tenha embaralhado e confundido minhas palavras e ideias. Sobre o Diário de um Cinéfilo, poderia ter falado mais um pouco sobre a época áurea dos blogs de cinema, da premiação etc., mas até que os meninos ajudaram, principalmente o Tiago Faria, que fez uma pergunta crucial. Os filmes abordados foram AQUARIUS e STAR TREK – SEM FRONTEIRAS, e o podcast pode ser conferido AQUI.

Depois da gravação, eu, Michel e Cris fomos almoçar no Salmon e Cia. e fomos à Bienal do livro. Nossa, mas que coisa gigante e exagerada essa Bienal. Parecia um show de rock, pelo tanto de carros, de filas nas bilheterias, e pela própria música que rolava ao fundo. Foi legal ter ido ao último dia, mas confesso que fiquei um tanto triste com essa proliferação de livros de youtubers e de cultura excessivamente pop, embora eu mesmo só tenha comprado um livro em quadrinhos (Casanova – Luxúria). Queria uma pluralidade maior de opções. De tanto bater perna lá, ficamos logo cansados e o melhor foi ir pra casa, para dormir mais cedo. Como o Chico esteve trabalhando em plantões, quase não tive tempo de encontrá-lo em casa. Mas me senti à vontade, como em um hotel. De vez em quando olhava a bela coleção de filmes e livros dele na estante, pois tenho mania de xeretar as estantes dos outros. :)

A segunda-feira seria marcada pelo encontro com um grupo de amigos especial. Depois de alguns impasses, um grupo de cinco queridos amigos pôde comparecer: Marcelo V., Ana Paul, Laura Cánepa, Leandro Caraça e Gabriel Carneiro. Fomos a um bar-restaurante chamado Cão Véio. Muito agradável e toca rock de qualidade. O papo de cinco horas foi muito bom, de cinema a música, passando por comida, mas o diferencial era mesmo a conexão afetiva entre nós, o vínculo que se formou ao longo dos anos. Isso não tem preço.

Ah, no mesmo dia, antes do encontro, bati perna pela Paulista e fui ver ESPAÇO ALÉM – MARINA ABRAMOVIC E O BRASIL, um documentário sobre a peregrinação dessa mulher por diversos espaços místicos em diferentes lugares do Brasil. Como não chegou a Fortaleza, fui de Belas Artes. A propósito, que estranho o tamanho (pequeno) da tela, diante de sala tão grande e cheia de lugares. Mas a projeção é boa, ainda que eu tenha achado o som baixo. Ah, e neste mesmo dia ainda pude passar em uma ótima loja de discos na Augusta. Comprei um Nick Cave (The Boatman’s Call) e um Paul (Band on the Run).

Na terça-feira, dia do casamento do Michel e da Cris, fui novamente almoçar pela Paulista - mesmo Shopping 3 - e vi mais um filme, A COMUNIDADE, de Thomas Vinterberg. Esperava gostar mais, mas o filme tem seus méritos. Comprei na livraria do Espaço Itaú uma das últimas edições da revista Teorema (a que tem o menino Antoine Doinel na capa) e um livrinho sobre o José Antonio Garcia, daquela série Aplauso. Podia ter comprado mais coisas, mas diante da atual conjuntura até posso dizer que exagerei um pouco nos gastos.

E chegou a hora do tão aguardado casamento. Depois de eu apanhar de uma gravata, fui de carona num uber com o Chico até a Casa Quintal, local da festa. Ele ficou junto aos padrinhos e eu fui esperar a turma da Cinefelia que se fez presente. Da turma, o único que não conhecia pessoalmente era o Marlonn Della Bruna, uma simpatia de sujeito. Ele estava com a namorada Joseane. Foi também muito bom rever e abraçar os demais, a Fer, o Fabrício, a Cris Miura, o Tiago Soares e a esposa Denise.

Impressionante como, mesmo tendo nos visto em tão poucas vezes pessoalmente, parece que tínhamos anos de convivência. E temos mesmo, mas de maneira virtual. Digo isso principalmente pelas várias brincadeiras que rolaram na mesa. E eu adoro gente com senso de humor afiado. E a Cris, com sua sensibilidade canceriana, é um amor de pessoa. A gente percebe pelo carinho especialmente na hora de dizer goodbye.

Quanto ao casamento, foi o mais inteligente, diferente, alto astral e especial que eu já fui. Sensacional mesmo. Parabéns à noiva Cris por coordenar com tanto cuidado e amor os detalhes, desde fotos do casal e outras inspiradas em filmes, decorações, passando pelas canções escolhidas e pela mestre de cerimônias.

O jantar foi farto, ainda rolou uma festa na pista com muita música boa pra quem quisesse dançar, e máscaras diversas com referências a filmes. Foi o momento final da festa e também o momento em que eu fiquei mais sensível aos abraços e partidas. Mas o tom geral da festa foi de muita alegria e espontaneidade. Desejo o melhor do mundo aos noivos e mais oportunidades como essa para nos encontrarmos.

Muita gente boa e querida eu deixei de ver por vacilo meu, por falta de melhor organização, e por fatores diversos (chuva e leve febre foi obstáculo pra eu encontrar o Vebis em Santos e falta de organização atrapalhou uma visita que poderia ter feito ao Primati e à Bia em Jundiaí) e também por estar com pouco tempo disponível mesmo. Ainda assim, acabei descobrindo um poder agregador que eu não sabia que tinha. Muito feliz com esses dias, que certamente darão uma injeção de ânimo à minha vida.

Pra encerrar, como emoção pouca é bobagem, na exata hora de embarcar, percebi que meu único documento de identidade (uma CNH) havia sumido do meu bolso. Fui falar com a moça da Avianca e ela foi logo dando ordem para a companhia retirar a minha bagagem. Eu só embarcaria com o documento. Fiquei desesperado. Um rapaz da companhia deu a sugestão de eu correr lá no Raio X. Talvez eu encontrasse lá. Depois de correr, esbaforido, o longo corredor, do portão de embarque a essa entrada, a minha carteira estava lá. Havia perdido no caminho. Foi só o tempo de embarcar, no último minuto, com uma expressão mista de desespero e alívio. Viagem com emoção.

(Mais fotos, em breve)

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