quarta-feira, agosto 24, 2016

TRÊS FILMES SOBRE HERÓIS LENDÁRIOS



Recentemente alguns filmes de heróis (ou anti-heróis) famosos ganharam novas repaginadas, embora não tenham sido muito bem-sucedidos em suas empreitadas, por mais que contassem com cineastas talentosos em seus comandos. O motivo de seus fracassos, ou quase isso, não sabemos ao certo, mas podemos refletir a respeito. Só não sei se vou conseguir este feito com estes textos pequenos.

PETER PAN

É sempre bom lembrar que Joe Wright também erra. Nem só de ORGULHO & PRECONCEITO (2005), DESEJO E REPARAÇÃO (2007) e ANNA KARENINA (2012) se faz seu cinema. PETER PAN (2015) mais parece um filme de Bazz Luhrmann, de tão histérico, colorido e até cafona que é. E parece que há mesmo a intenção de fazer algo bem parecido com MOULIN ROUGE em determinados momentos, como quando os meninos cantam "Smells like teen spirit", do Nirvana. Mas o problema principal é que em nenhum momento o filme empolga, mesmo para quem quer ver algo bem carregado nas tintas. O que acaba contando pontos a favor é a tentativa do cineasta de recriar o personagem, trazer algo de novo para um herói que já é bastante famoso, principalmente pelo desenho da Disney. Outro problema é que PETER PAN é muito escuro em sua versão em 3D e isso já compromete um bocado a apreciação de qualquer filme, principalmente se ele procura destacar tão bem as suas cores. No elenco, destaque para Hugh Jackman e Rooney Mara.

VICTOR FRANKENSTEIN

Outro cineasta perdido por Hollywood, Paul McGuigan deveria ser lembrado sempre pelo que fez de melhor, que foi PAIXÃO À FLOR DA PELE (2004), um filme que nem chegou a passar nos cinemas, mas que foi descoberto quando lançado em DVD. Depois de amargar alguns anos dirigindo só produções para a televisão, a oportunidade de voltar ao cinema veio para McGuigan justamente deste VICTOR FRANKENSTEIN (2015), um exemplar que faz jus ao aspecto picotado do monstro criado em laboratório por um cientista maluco. Mas não há a menor intenção do realizador em ser fiel à obra de Mary Shelley aqui. E se achamos que trazer algo de novo e diferente poderia ser um trunfo da produção, aos poucos vemos o quanto cada decisão ousada do enredo acaba sendo uma autossabotagem de seus realizadores. O filme centra na figura problemática do cientista louco (James McAvoy) e é narrado pelo ponto de vista de seu assistente (Daniel Radcliffe, como um corcunda encontrado no circo). Não é de todo ruim, e diria que dá para ver como uma experiência diferente e bem torta, mas é também digno de nosso esquecimento.

A LENDA DE TARZAN (The Legend of Tarzan)

Outro herói dos mais populares, que teve uma longa série de filmes para cinema nas décadas de 1930-40, e que também é bastante conhecido por uma legião de gerações seguintes, o personagem de Edgar Rice Burroughs retorna ao cinema em uma produção bem luxuosa dirigida por David Yates e que também tenta trazer uma nova abordagem, um pouco mais adequada aos novos tempos, com uma Jane (Margot Robbie) mais valente e um personagem negro em papel de destaque (Samuel L. Jackson). Porém, no fim das contas, A LENDA DE TARZAN (2016, foto) acaba trazendo o herói branco, vivido por Alexander Skarsgård, como um ser quase divino, capaz de lutar com um gorila enorme na selva, além de saber falar com os bichos e essas coisas fantásticas que fizeram a fama do personagem. Até o famoso grito é trazido de volta aqui. O que o diferencia dos demais que tentam resgatar o personagem é que não há a intenção de recontar a sua origem. E isso é bom para o filme, cuja primeira metade é interessante, mas que depois vira filme de aventura chato e convencional da metade para o fim. Uma pena.

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