segunda-feira, agosto 01, 2016

O BOM GIGANTE AMIGO (The BFG)























Podemos dizer que O BOM GIGANTE AMIGO (2016) é o mais tedioso filme de Steven Spielberg desde AMISTAD (1997). Aliás, consegue ser muito mais chato para quem não curte muito o gênero fantasia, embora tenha um sabor de filmes antigos e inocentes feitos para crianças na Velha Hollywood. É bem a cara da Disney, nesse sentido, uma empresa que deseja que o mundo tivesse parado na primeira metade dos anos 1960.

Já fazia algum tempo que Spielberg não dedicava um filme às crianças. O último foi o também horrível HOOK – A VOLTA DO CAPITÃO GANCHO (1991). Isso porque não devemos encarar o divertido AS AVENTURAS DE TINTIM (2011), sua animação, como um filme infantil, mas uma aventura para todas as idades. Inclusive, pensando em um público mais velho que já conhece o herói dos quadrinhos.

Curiosamente, O BOM GIGANTE AMIGO é daqueles filmes que tenta ser dinâmico, mas que acaba não conseguindo dinamizar muita coisa, já que depois que o gigante misterioso (Mark Rylance, também conhecido como o sujeito que tirou o Oscar de Sylvester Stallone na última premiação) rapta a garotinha (Ruby Barnhill) de um orfanato para a terra dos gigantes, pouca coisa interessante acontece.

Ao contrário do que a garotinha esperta e insone pensa, o gigante não faz dela uma refeição, mas a prende com medo de que ela fale para os outros da existência dele e isso se tornaria um problema para ele e os demais gigantes da ilha. Aos poucos, vamos conhecendo os outros gigantes, os malvadões, que gostam de aplicar bullying no gigante menor, e é curioso como o filme trabalha com essas relações de tamanho. O que parecia já enorme passa a ser ainda maior quando vemos os gigantes valentões que gostam de comer seres humanos.

A história é basicamente sobre a tentativa do bom gigante de esconder a garota dos demais e apresentá-la ao seu mundo, já que ele é também uma espécie de mago dos sonhos. É possível que o filme tenha algum efeito positivo nas crianças, em criar uma imagem de encantamento que para a maioria dos adultos não funciona. Lembrando que Spielberg conseguiu deixar pessoas de todas as idades completamente maravilhadas quando apresentou as primeiras imagens dos dinossauros em JURASSIC PARK (1993).

Agora que o público já está anestesiado de tantos efeitos especiais, o que é mostrado em O BOM GIGANTE AMIGO acaba não surtindo muito efeito. Além do mais, a história, adaptada do livro de Road Dahl, parece muito esticada. Até a garota e o gigante arranjarem uma maneira de se livrarem dos seus inimigos, indo até o castelo da rainha, boa parte do público já fica impaciente. O final não deixa de dar uma melhorada na narrativa, mas Spielberg precisa aprender a fazer filmes de uma hora e meia quando for necessário. Ou então perceber que o tempo de fazer aventuras infantis já passou pra ele.

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