terça-feira, julho 05, 2016

TRÊS FILMES DE HORROR



É bem perceptível a decadência do cinema de horror contemporâneo, se comparado com outras décadas. Principalmente se falamos dos filmes que chegam aos cinemas. Se há algo realmente vibrante no gênero, ele está quase escondido, acessível a poucos. Muito provavelmente outras cinematografias que não a americana estão produzindo algo mais fresco e interessante, mas até isso é um pouco duvidoso de afirmar. Falemos de três filmes da safra recente, dois deles até que bem interessantes, bonitos e criativos.

RENASCIDA DO INFERNO (The Lazarus Effect)

O grande chamariz de RENASCIDA DO INFERNO (2015) é a presença de Olivia Wilde. A bela atriz, que conquistou o mundo como a Dra. Thirteen, da série HOUSE, é uma pesquisadora de um modo de ressuscitar uma pessoa logo após ele ter morrido. A experiência foi feita com cães e teve resultados mais ou menos satisfatórios, ainda que os animais tenham voltado da morte um pouco estranhos. Ela é casada com um sujeito também pesquisador e ambos dão duro no trabalho. Ele é um pouco mais cético, acredita que não existe nada além do corpo. Ela acredita em alma e outra vida. Não deixa de ser uma história que já encontra ecos em Frankenstein, de Mary Shelley, e provavelmente em outras obras da literatura fantástica. Mas não importa muito discutir originalidade aqui. O que interessa é se o filme é eficiente. E infelizmente aqui não é o caso. Em alguns momentos o diretor David Gelb exagera nos sustos e torna seu filme bem vulgar.

AMIZADE DESFEITA (Unfriended / Cybernatural)

Bem mais interessante é este AMIZADE DESFEITA (2014), de Leo Gabriadze, que se passa totalmente na tela de um computador durante um chat entre alguns amigos. A história acontece um ano depois do suicídio de Laura, uma garota amiga em comum deles. Ela foi encontrada morta no pátio da escola, depois que um vídeo constrangedor caiu na internet. Na conversa via Skype, os seis amigos começam a notar que uma sétima pessoa desconhecida e que revela ser Laura está presente. Eles tentam de tudo para tirá-la do chat mas não conseguem. Ao contrário, ela é que passa a ditar regras e, aos poucos, alguns deles vão morrendo, quando tentam desobedecer aquela pessoa que diz ser Laura. O filme tem um climão bem interessante e é desafiador e original, além de também conseguir assustar em alguns momentos. Nos cinemas brasileiros, infelizmente, só passou em cópias dubladas. Tive que optar por meios alternativos para ver na versão original.

SOMOS O QUE SOMOS (We Are What We Are)

De volta ao cinema mais clássico, vemos este SOMOS O QUE SOMOS (2013, foto), de Jim Mickle, que ficou mais conhecido depois de STAKE LAND – ANOITECER VIOLENTO (2010). O novo filme é superior e tem uma ambientação bem interessante, dentro de um espaço rural onde vive uma família cheia de segredos. Uma das qualidades do filme é que o diretor investe menos em efeitos especiais e mais no potencial dramático da trama, que nos apresenta a uma família que tem hábitos estranhos e cujo patriarca tem um credo que deve ser seguido à risca pelas filhas e o garotinho. Mickle faz um filme visualmente muito bonito, com uma paleta de cores bem interessante, que destaca tanto a natureza como os interiores. A violência e o clima macabro vão aparecendo num ritmo bem cuidado e o elenco é muito bom, o que ajuda a alçar o filme a um patamar que o afasta do chamado horror B.

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