sábado, junho 18, 2016

LOLO – O FILHO DA MINHA NAMORADA (Lolo)



Julie Delpy tem uma carreira bastante sólida como atriz, tendo estreado como intérprete de longa-metragem justamente em um filme de Jean-Luc Godard, DÉTÉCTIVE (1985). No entanto, foi graças à sua parceria com o diretor Richard Linklater, com quem ela, juntamente com Ethan Hawke, dividiu os créditos de roteiro em ANTES DO PÔR-DO-SOL (2004) e ANTES DA MEIA-NOITE (2013), que ela parece ter encontrado a sua naturalidade com a direção.

Assim como em um de seus trabalhos como diretora, O VERÃO DE SKYLAB (2011), leva seus interesses para a família, embora aqui a família seja apresentada de maneira bem mais resumida: apenas uma mãe, Violette (a própria Delpy), e um filho, o Lolo do título, vivido por Vincent Lacoste, que pôde ser visto no cinema em outra edição do Festival Varilux do Cinema Francês, em HIPÓCRATES, de Thomas Lilti.

A diretora resolve apostar aqui em uma comédia ao mesmo tempo física e psicológica, ao mostrar um relacionamento entre duas pessoas na casa dos 40 sendo perturbado pelas sabotagens do filho ciumento e que acredita estar fazendo um bem para a mãe, ao livrá-la de mais um otário. Na verdade, as traquinagens de Lolo seguem num crescendo de absurdos tão grandes que acabam por fazer com que muitos espectadores o odeiem.

O filme, no entanto, é diversão pura, e todas as situações pelas quais Jean-René (Dany Boon) passa por causa do filho de sua namorada podem ser vistas como algo próximo das screwball comedies dos anos 1930, como nas cenas em que Jean-René fica excessivamente bêbado, ou quando ele sente o corpo inteiro coçar, tudo por obra de Lolo.

LOLO é também um filme que lida com uma situação bastante comum e que certamente vai encontrar identificação em muitos espectadores solteiros ou separados que tentam um relacionamento em que há uma terceira pessoa envolvida, no caso, um filho. Há também brincadeiras saudáveis sobre as dificuldades próprias da idade e um momento especialmente de fácil de identificação, desta vez para todas as idades, quando Violette se sente rejeitada pelo novo namorado e passa infinitas mensagens e telefonemas para ele, em um ataque de paranoia.

No mais, como não gostar do filme estrelado pela eterna Celine? Julie Delpy, apesar de fazer uma personagem diferente, carrega em si muito do que vimos em seus trabalhos com Linklater, talvez porque todos esses trabalhos tragam muito de sua personalidade na construção dos personagens. A adorável Delpy, agora mais madura, segue encantando a todos que têm a chance de conferir mais este seu trabalho como diretora e atriz. E mostrando que está, sim, bastante afinada com a comédia.

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