segunda-feira, junho 13, 2016

INVOCAÇÃO DO MAL 2 (The Conjuring 2)



Em 2013, James Wan estava muito inspirado, ao presentear o espectador fã de filmes de horror com dois dos dos mais belos e assustadores exemplares da década: o clássico e cristão INVOCAÇÃO DO MAL e o engenhoso SOBRENATURAL - CAPÍTULO 2. São dois filmes que, junto a outros trabalhos vigorosos do cineasta, o colocam como o nome mais importante do horror contemporâneo, ao menos no cenário mainstream. INVOCAÇÃO DO MAL 2 (2016) era um filme muito aguardado justamente por isso.

E o fato de Wan estar tão afiado na condução de sua direção elegante faz do novo filme uma obra no mínimo obrigatória para os fãs do cineasta, embora represente uma curva descendente, em comparação com seus filmes de horror recentes. Também pode desagradar um pouco aqueles que conhecem a história da família Hodgson, atormentada por um espírito maligno em uma cidadezinha da Inglaterra na década de 1970. Para uma visão mais próxima do que é documentado e que virou livro, recomendamos a minissérie britânica THE ENFIELD HAUNTING (2015), com três episódios, todos dirigidos por Kristoffer Nyholm.

No entanto, ver a série pode trazer um pouco de decepção ao ver a história condensada e bastante alterada na adaptação de Wan. Enquanto a minissérie mostra os esforços de Maurice Grosse, que foi quem realmente teve uma posição de protagonismo em ajudar a família na batalha contra forças espirituais malignas, em INVOCAÇÃO DO MAL 2, o personagem aparece, mas em um papel muito mais curto, quase insignificante, para dar lugar ao casal de investigadores do paranormal Ed e Lorraine Warren, vividos por Patrick Wilson e Vera Farmiga, que são enviados a pedido da Igreja.

Uma vez aceita a condição de quase total reinvenção da história e de total independência do filme em relação aos eventos documentados, em prol de um estilo que se distancia um pouco de certo classicismo que predominou um pouco mais no primeiro INVOCAÇÃO DO MAL, e que remetia mais fortemente ao horror sobrenatural realizado na década de 1970 nos Estados Unidos, o segundo filme abre o leque e utiliza até alguns efeitos especiais em CGI que causam uma sensação de contraste, como é o caso da aparição do "homem torto", que assombra um dos garotinhos da família.

O filme sofre com tentativas de assustar, nem sempre de maneira eficiente. Embora isso não tire o prazer de vê-lo, acaba demonstrando certa carência de algo mais próximo da originalidade e que existia nos trabalhos anteriores de Wan. Em compensação, o trabalho do diretor malaio se mostra cada vez mais vigorosa em sua construção visual, com ângulos de câmera belos e pouco usuais (o que são aquelas tomadas vistas de cima de algumas cenas finais?), uma direção de arte caprichada e um trabalho de mostrar e esconder muito criativo (caso da cena da conversa entre Ed e o espírito que possui o corpo da jovem Janet, que utiliza o recurso de desfocar a imagem em segundo plano).

Mas, curiosamente, uma das melhores cenas do filme não é de terror, mas a que mostra Ed tentando alegrar a família atormentada, tocando ao violão "I can't help falling in love", conhecida na voz de Elvis Presley. Trata-se de uma cena tão bela e tocante, tão cheia de amor, que parece saída de um melodrama da velha Hollywood. Isso ajuda a compensar um pouco o foco no carinho existente entre Maurice Grosse e a família, especialmente Janet, que existe na série de televisão e que no filme fica ausente, em prol de uma busca por uma história que tenha a marca de seu diretor e que também seja redondinha para explicar os eventos.

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