segunda-feira, abril 25, 2016

TRÊS MELODRAMAS



Quem me conhece sabe que eu curto um bom melodrama. Gosto dos mais sofisticados e contidos, mas aprecio com prazer também aqueles que não têm medo de enfiar o pé na jaca com gosto, sem medo de ser triste. Mas há toda uma arte em saber não passar do ponto ou saber chegar àquele ponto em que o espectador se debulha em lágrimas, como se tivesse acabado de perder um ente querido, embora lá no fundo ele se sinta confortável, pois aquela situação triste que está ali na sua frente não está acontecendo exatamente com ele, mas com um personagem fictício, mesmo que seja um personagem baseado em uma pessoa de verdade. Os três filmes abaixo têm em comum o fato de lidarem com doenças e como elas afetam a relação da pessoa doente consigo mesma, com os outros e, em alguns casos, como podem afetar o mundo. Vamos a eles.

PARA SEMPRE ALICE (Still Alice)

Deveria ter escrito sobre este filme há um tempão. Afinal, ele ganhou o Oscar de melhor atriz em 2015, o primeiro para a já aclamada atriz Julianne Moore. Ela já havia sido indicada por BOOGIE NIGHTS – PRAZER SEM LIMITES (1997), FIM DE CASO (1999) e duplamente por AS HORAS (2002) e LONGE DO PARAÍSO (2002). Curiosamente, apesar de PARA SEMPRE ALICE (2014, foto) ser um belo filme e contar com uma atuação brilhante da atriz, comparado aos demais, fica um pouco atrás. Aqui, ela interpreta uma mulher que descobre que sofre de um caso raro de Mal de Alzheimer, que se manifesta ainda em pessoas jovens, geralmente pessoas com um grau elevado de instrução. No caso, Moore é uma professora de Linguística que tem sua vida revirada de cabeça para baixo com a notícia e a evolução da doença. E o filme dos diretores Richard Glatzer e Wash Westmoreland é hábil em mostrar a evolução de maneira pouco melodramática, mas carregado de uma tristeza imensa. Entre o ótimo elenco de apoio, destaque para Alec Baldwin e Kristen Stewart.

JÁ ESTOU COM SAUDADES (Miss You Already)

O patinho feio da trinca, JÁ ESTOU COM SAUDADES (2015), de Catherine Hardwick, é um filme de doença, mas é também um filme de amizade entre duas mulheres. A forte amizade entre Jess (Drew Barrymoore) e Milly (Toni Collette) sofre um enorme baque com a notícia do câncer de mama da segunda. Enquanto isso, Jess fica sem saber como dar a notícia festiva de que finalmente conseguirá ser mãe para a amiga, achando que isso seria um pouco perverso de sua parte. Não dá pra dizer que é um dos filmes mais fracos da diretora pois ela já havia derrapado em trabalhos esquecíveis como JESUS – A HISTÓRIA DO NASCIMENTO (2006) e A GAROTA DA CAPA VERMELHA (2011). O que se pode ver de interessante em seu trabalho é uma opção por uma visão feminina de suas personagens, e isso inclui CREPÚSCULO (2008), um de seus melhores trabalhos e o único filme digno da franquia. JÁ ESTOU COM SAUDADES falha também ao não conseguir emocionar com os instantes finais das personagens, embora possa pegar alguns espectadores despreparados ou em situação emocional mais frágil.

AMOR POR DIREITO (Freeheld)

E olha a Julianne Moore aqui de novo, interpretando outro papel de doente. O que mais conta pontos em AMOR POR DIREITO (2015), de Peter Sollett, é o relacionamento existente entre uma policial civil (Moore) e uma jovem mecânica (Ellen Page). Nota-se que é um filme engajado na causa gay e esse é um de seus grandes méritos e o maior motivo de conferir, embora também seja um melodrama eficiente e que faz chorar. O fato de ser baseado em uma história real, e uma história que repercutiu de tal modo que deu o pontapé à legalidade do casamento gay nos Estados Unidos, é outro bom motivo para ir ao cinema e acompanhar essa bonita história de amor e persistência, que, se não chega a fugir da cartilha tradicional, ao menos conta com personagens e atores bons, inclusive o policial parceiro de Moore, o fiel amigo vivido por Michael Shannon. Como militante da causa gay, Ellen Page é uma das produtoras do filme. E finalmente ela pôde encontrar um papel em que interpreta alguém com sua mesma orientação sexual.

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