sábado, janeiro 09, 2016

CONQUISTA SANGRENTA (Flesh+Blood)



Interessante rever CONQUISTA SANGRENTA (1985), filme que trazia uma linda e jovem Jennifer Jason Leigh em um papel que, de certa forma, lembra a mulher refém de um grupo de homens de OS OITO ODIADOS, de o novo trabalho de Tarantino, realizado 30 anos depois. Aliás, ambos os cineastas têm algo em comum: o gosto por sangue em seus filmes, embora Paul Verhoeven não tenha nenhum pudor em mostrar de forma escancarada o sexo. Além do mais, a violência nos filmes de Tarantino é mostrada de forma propositalmente exagerada, anti-natural.

Minha lembrança de CONQUISTA SANGRENTA é muito feliz. Tinha visto o filme na televisão há muitos anos e tinha uma especial recordação pela cena da banheira, quando os personagens de Rutger Hauer e Jennifer Jason Lee fazem sexo pela primeira vez – o estupro coletivo não conta. Aliás, raramente um filme hoje teria a coragem de colocar uma cena de estupro tão incômoda. E o pior: havia, sim, uma intenção de excitar a audiência. É algo tratado como um fetiche até.

Sabe-se que CONQUISTA SANGRENTA foi um dos vários filmes medievais que nasceram a partir do sucesso de CONAN, O BÁRBARO, de John Millius. Então, o holandês maluco Verhoeven, que tinha feito uns trabalhos impressionantes (e excelentes) em seu país natal, foi convidado para esta superprodução da MGM, feita com dinheiro americano, espanhol e holandês.

Apesar da interferência dos produtores e da briga que o diretor teve com seu então ator preferido Rutger Hauer durante as filmagens, o trabalho é impressionante até hoje, tendo envelhecido muito pouco. Na época, creio, a crueldade e a violência eram muito mais impactantes. Mas tudo o mais é muito envolvente e o momento da peste negra invadindo o grupo de Martin (Hauer) segue sendo bastante intenso e marcante.

Na lista de personagens, o destaque vai mesmo a jovem Agnes (Leigh) que iria se tornar princesa, ou algo do tipo, mas que é capturada pelo bando de Martin e que, para sobreviver e não virar saco de pancada do grupo, acaba por fingir interesse pelo líder Martin - ou teria ela uma atração por ele, de fato? Depois de perder a virgindade numa espécie de ritual macabro de estupro coletivo, ela ajuda a gangue de Martin a adentrar um castelo e matar os habitantes e tomar posse do lugar. O filme também não deixa de mostrar o aspecto religioso/supersticioso vigente na época, sendo a estátua São Martin o exemplo mais representativo.

Ver CONQUISTA SANGRENTA ajuda também a matar a saudade do cinema de Paul Verhoeven, cujo último filme foi o média-metragem STEEKSPEL (2012), mas cujo último trabalho para cinema foi a obra-prima A ESPIÃ (2006). Quer dizer, já são dez anos sem Verhoeven na telona. Felizmente o holandês maluco estará de volta este ano com ELLE, uma produção franco-germânica estrelada por Isabelle Huppert, deste já um dos filmes mais aguardados de 2016.

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