domingo, julho 19, 2015

QUATRO FILMES BIOGRÁFICOS























Segue mais uma postagem curta e grossa para dar conta da quantidade de filmes vistos e ainda não comentados aqui no blog. O tema agora são filmes biográficos. No caso, duas produções de ficção sobre a vida ou parte da vida de duas figuras brasileiras do mundo artístico e dois documentários respeitosos sobre seus objetos de estudo. Vamos aos filmes, que o tempo urge.

TIM MAIA

A cinebiografia TIM MAIA (2014), de Mauro Lima, que depois ganhou uma versão em minissérie um tanto polêmica na Rede Globo, por pintar Roberto Carlos como um sujeito que só ajudou Tim Maia, e que foi rejeitada pelo próprio cineasta, não tem ousadias formais, mas apresenta um dos nossos maiores intérpretes sem precisar de esconder seus defeitos. Na verdade, ao apresentar esses defeitos, a figura de gênio de Tim se torna ainda mais acentuada. Com três atores assumindo a figura do protagonista em diferentes estágios da vida, o filme segue a infância humilde, seguido do momento em que ele forma um conjunto musical com Roberto Carlos e tem a chance de aparecer na televisão, sua fase conturbada nos Estados Unidos, seu retorno para o Brasil para testemunhar o fenômeno da Jovem Guarda e do Rei e suas tentativas de alcançar finalmente o sucesso merecido como o mestre do soul brasileiro. Como suas canções são fantásticas, ver este filme no cinema com sua música em alto e bom som é um prazer inenarrável.

TRINTA

Diferente de TIM MAIA, a biografia de Joãosinho Trinta prefere focar em determinado momento da vida do carnavalesco mais famoso do país. Matheus Nachtergaele incorpora muito bem Joãosinho, desde o tempo em que ele é rejeitado pela família por optar por uma vida de bailarino (para seus familiares, isso é coisa de veado) até o seu batismo de fogo como carnavalesco da escola de samba Salgueiro, em 1974. TRINTA (2014) ao nos apresentar os dias que faltam para o Carnaval, por exemplo, ajuda a criar um muito bem-vindo suspense, já que o que ele fez foi muito complicado, dada a dificuldade de conseguir dinheiro e amigos influentes. O diretor Paulo Machline já havia sido dirigido um documentário intitulado A RAÇA SÍNTESE DE JOÃOSINHO TRINTA (2009), que acabou passado despercebido por muitos. Eu mesmo, nunca tinha ouvido falar.

LIFE ITSELF - A VIDA DE ROGER EBERT (Life Itself)

Amar cinema é um tanto paradoxal, pois há um apego com as coisas desse mundo, já que nos tornamos humanistas, e ao mesmo tempo também há algo de espiritual, de valorização de algo que transcende o mero materialismo. Por isso que acompanhar a vida de um crítico e amante de cinema como Roger Ebert é emocionante, pois nos solidarizamos com seu drama, no caso, a brava luta contra um câncer que o deixou sem falar e sem se alimentar nos últimos anos de sua vida. LIFE ITSELF – A VIDA DE ROGER EBERT (2014), de Steve James, é um documentário que tem um efeito de melodrama, no sentido de que sofremos um pouco com o crítico, ao mesmo tempo em que admiramos sua maneira ímpar de tratar tudo com senso de humor e de continuar exercendo sua profissão até o fim.

O SAL DA TERRA (The Salt of the Earth)

Alguns acham que O SAL DA TERRA (2014, foto) tem o problema de não apresentar os defeitos de seu objeto de estudo, Sebastião Salgado, um dos mais conhecidos fotógrafos do mundo. Se tem, isso não chega a atrapalhar o produto final. Dirigido por seu filho, Juliano Ribeiro Salgado, e pelo alemão Wim Wenders, o documentário traça rapidamente um agradável painel da vida de Salgado em sua juventude, para depois centrar nas viagens que ele faz para territórios inóspitos, a fim de capturar momentos impressionantes da história humana. Não deixa de ser estranho ele fazer fotos tão belas de imagens tão tristes, como a de crianças africanas tão magras quanto esqueletos, mas se não fosse assim ele não teria chamado a atenção do mundo. O filme é também uma viagem por diversas partes do mundo e nesse sentido trata-se de uma das obras mais gostosas de ver exibidas em 2015. Além do mais, a viagem é tanto geográfica quanto histórica e antropológica, pois passamos a conhecer coisas que sem o filme e sem o trabalho de Salgado não teríamos conhecido. Destaque para o encontro do fotógrafo com uma curiosa e pura tribo indígena na Amazônia.

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