quarta-feira, junho 03, 2015

QUATRO FILMES FRANCESES



Na expectativa da próxima edição do Festival Varilux de Cinema Francês, e também precisando dar conta da quantidade enorme de filmes a comentar, falemos de quatro filmes franceses, todos bons e que mereceriam uma postagem exclusiva, mas como dificilmente eles estarão na lista de melhores do ano, vamos de textos curtos e grossos, mas com todo respeito às obras. Trata-se também de um exercício de memória e também de tentativa de escrever estando fisicamente fraco.

EDEN

Não deixa de ser uma ponta de decepção depois de ter visto uma obra tão linda quanto ADEUS, PRIMEIRO AMOR (2011), mas isso não quer dizer que EDEN (foto, 2014), o novo filme da cineasta Mia Hansen-Løve não mereça a devida apreciação, até para quem tem interesse no assunto. Sem falar que é também uma obra de natureza pessoal da diretora, já que é inspirado na vida do irmão, que trabalhava como DJ numa cena muito importante para a música eletrônica mundial das últimas décadas, a French House. Foi dessa cena, por exemplo, que surgiu o Daft Punk. Mas embora EDEN nos ofereça um bom panorama dessa cena, o que mais importa mesmo é a trajetória de Paul Vallée (Félix de Givry) e sua obsessão em procurar fazer aquilo de que mais gosta, não importando o quanto isso lhe custe e o quanto a sociedade capitalista lhe cobre.

GAROTAS (Bande de Filles)

Interessante ver um filme francês abordando o drama de garotas negras no país. GAROTAS (2014), de Céline Sciamma, foca especialmente em Vic, uma moça que sofre com os maus tratos do irmão machista e ciumento, mas que tem a coragem de se desvincular da família depois que conhece um grupo de garotas e ingressa numa gangue feminina, inclusive efetuando pequenos furtos com as outras. Porém, para se sentir mais independente, ela acaba se envolvendo com um traficantes, levando-a a uma queda pessoal. O filme tem interpretações realistas e algumas vezes seus diálogos parecem improvisado.

VIOLETTE

Como seria bom se todas as cinebiografias de narrativa convencional fossem como VIOLETTE (2013). O filme de Martin Provost foca na história de Violette Leduc (Emmanuelle Devos), uma escritora francesa do início do século XX que comeu o pão que o diabo amassou vendendo comida ilegal durante a Segunda Guerra Mundial, sendo rejeitada pelo marido que a despreza, e também por sofrer pelo seu desejo por mulheres, algo que se torna mais grave quando ela conhece a escritora feminista Simone de Beauvoir (Sandrine Kimberlain), a mulher que a incentivou a transformar os seus escritos em livros. Ela cria uma espécie de obsessão pela autora de O Segundo Sexo, e isso acaba por aumentar o seu sentimento de baixa autoestima, embora ela saiba o quanto deve àquela mulher, que a ajudou a mudar de vida.

UM JOVEM POETA (Um Jeune Poète)

O que mais mexeu comigo neste longa-metragem de estreia de Damien Manivel foi o quanto eu me identifiquei com o protagonista patético Rémi (Rémi Taffanel), um jovem rapaz que deseja se torna um grande poeta e para isso faz uma viagem para uma pequena cidade do litoral francês, onde procura manter contato com os habitantes locais a fim de conseguir inspiração para o seu trabalho. Porém, o protagonista de UM JOVEM POETA (2014) só consegue mesmo demonstrar suas inseguranças e seu jeito desastrado, especialmente quando tenta abordar bruscamente a jovem por quem fica interessado. Mesmo sendo um misto de drama e comédia, não deixa de ser uma obra amarga. Trata-se de um filme incômodo, e por isso mesmo especial.

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