sexta-feira, junho 05, 2015

BRISAS DO AMOR / O INSACIÁVEL DESEJO DA CARNE



Acompanhar os filmes de Alfredo Sternheim é sempre um prazer, mesmo quando as cópias à disposição não são lá muito boas. No caso de BRISAS DO AMOR (1982), ou O INSACIÁVEL DESEJO DA CARNE, para usar o título que os produtores escolheram para o seu lançamento nos cinemas, até que não está ruim, ripada do Canal Brasil, com a beleza dos corpos nus a serem apreciados junto com a ciranda de amores que constitui o enredo.

Inclusive, um dos grandes méritos de Sternheim é conseguir lidar com vários personagens em várias subtramas e não se perder. Assim, temos a atriz de filmes eróticos (Sandra Graffi) que é importunada por um fã psicótico; a jovem (Eliana do Valle) que fica grávida de um rapaz da cidadezinha (Artur Leivas); o deputado (Luiz Carlos Braga) que teve sua vida dilacerada devido às presepadas da irresponsável e infiel (ex-)esposa (Maria Stela Splendore) e que agora vive um romance com uma moça bem mais jovem etc.

As tramas são bem amarradas e a locação é toda na bela cidade litorânea de Mongaguá, que serviria também de estadia para o trabalho seguinte do diretor, TENSÃO E DESEJO (1983). O local é paradisíaco e já no começo do filme vemos uma linda cachoeira com uma moça nua tomando banho e em seguida a praia que serve de vista para o hotel onde se passa boa parte da história.

Dentro da narrativa linear há três flashbacks muito interessantes e que enriquecem o conjunto da obra: o que mostra o início do relacionamento dos dois jovens; a queda do deputado; e, o melhor de todos: a história contada pelo ponto de vista do maníaco perseguidor.

E por falar nesse trecho, para quem já tinha ficado gamado em Sandra Graffi na primeira cena dela no quarto com o namorado, ver essas cenas do flashback só aumenta a admiração por aquela moça linda, de jeito meigo e que parece ao mesmo tempo segura de si e indefesa, o que a torna a personagem mais interessante deste filme-coral.

Sendo um pouco sexista, a vantagem de se ver esses trabalhos dos anos 1980 em comparação com os da década anterior é que a nudez gráfica é muito mais presente e havia muitos mestres do erotismo na Boca. Sternheim é um que sabe muito bem fotografar os corpos em toda naturalidade e beleza. Pena que o fim desse momento especial da primeira metade dos 80s estava próximo do fim, com a chegada iminente dos filmes de sexo explícito.

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