terça-feira, abril 07, 2015

THE SLAP



Tem dado muito certo para a televisão americana "tomar emprestado" ideias de outras séries e minisséries de outros países para compor sua própria versão, com seu ritmo próprio, com uma maior possibilidade de distribuição internacional e com mais rostos conhecidos no elenco. E nesse último quesito THE SLAP (2015) não deixa a desejar, mantendo apenas, da série original australiana (2011), Melissa George.

THE SLAP conta a história, através de oito diferentes perspectivas em oito episódios, das consequências de um tapa dado por um adulto em uma criança durante um churrasco familiar. O adulto é Harry, vivido por Zachary Quinto, um homem de sangue quente e com tendências irascíveis que toma o bastão de beisebol de um garoto com tendências hiperativas. A mãe, Rosie (Melissa George), faz questão de criar uma confusão em torno do incidente, que vai se agravando e deixando as pessoas que lá estavam presentes em posições desconfortáveis.

Mas o interessante de THE SLAP é que o drama individual de cada personagem, principalmente quando não muito relacionado à briga entre Harry e Rosie, é que torna a minissérie mais envolvente. Pelo menos é assim que a gente sente ao ver os episódios centrados em Aisha (Thandie Newton), Anouk (Uma Thurman) e Connie (Mackenzie Leigh), não por acaso três mulheres.

Como a minissérie tem essa pegada mais feminina, isso acaba contribuindo para que esses episódios (que levam os nomes das personagens) sejam mais interessantes. E como não dá pra ficar o tempo todo discutindo a questão do tapa, as vidas particulares dessas personagens, que vão se descortinando pra gente, tornam-se mais atraentes, como pequenos filmes. O episódio de Aisha talvez seja o mais surpreendente, até por tirá-la da situação de mulher traída e passiva e colocá-la numa situação mais ativa.

THE SLAP também consegue fluir bem em seu estilo melodramático, com recurso de pianinho constante ao fundo, e chegar a uma conclusão satisfatória para ambos os lados da discussão. A minissérie é sólida no que se refere à construção dos personagens e isso é o que mais importa. Mais do que as histórias em si, embora elas sejam também necessárias. Curiosamente, há um narrador em apenas quatro episódios. A que se deve o sumiço dessa voz narrativa nos demais?

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