sábado, abril 18, 2015

RITA LEE MORA AO LADO



Não vou negar que meu maior interesse pelo espetáculo RITA LEE MORA AO LADO foi a presença de Mel Lisboa interpretando a nossa Rainha do Rock nacional. Desde que soube dessa peça, que esteve em cartaz em São Paulo por um bom tempo, fiquei muito a fim de ver. Sei bem que Mel Lisboa não é mais a mesma ninfeta de PRESENÇA DE ANITA (2001) que fez a cabeça de tantos homens, mas recordações batem forte, assim como o encanto pela bela e corajosa artista que ela se tornou.

Quanto à Rita Lee, claro que sua vida e suas canções também são ótimos chamarizes para os espectadores. E a peça, além de ser extremamente bem elaborada, com uma equipe de artistas talentosos que ajuda bastante Mel nas suas mais de duas horas de duração, também tem a vantagem de contar a história de Rita desde a sua infância, mostrando de maneira divertida ícones da música brasileira que passaram por sua vida, como Ronnie Von, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tim Maia, Elis Regina, Ney Matogrosso, Gal Costa, João Gilberto, e ainda tem uma cena divertidíssima dos Mutantes sendo entrevistados em um programa de televisão dos anos 60 por Hebe Camargo. É talvez a cena mais engraçada da peça.

A sua história é entrecortada pelas canções, ao mesmo tempo em que acompanha a história de uma garota anônima chamada Bárbara, que esteve sempre presente na vida de Rita desde sempre. Há outras canções que não da Rita ou dos Mutantes, como uma dos Rolling Stones ("Fool to cry"), dos Beatles ("Happiness is a warm gun"), de Jimmy Hendrix ("Hey Joe"), mas o que arrepia mesmo são duas interpretações de membros da equipe que incorporaram mesmo dois artistas brasileiros: "Sangue latino" (com um ator muito bom interpretando Ney) e "Baby" (com uma atriz parecidíssima com a Gal cantando). Coisa linda de ver mesmo.

E como esse pessoal canta melhor do que a Mel, ajuda a dar uma balanceada no que parece o aspecto mais frágil da peça, que é a voz da atriz. Mas isso é bem fácil de relevar, levando em consideração o fato de que ela é uma atriz e não uma cantora, e de que ela convence mesmo como Rita Lee no palco. Às vezes, até parece que estamos diante da própria Rita.

Alguns momentos são especialmente bons, inclusive, do ponto de vista da interpretação de Mel, como quando ela canta "Menino Bonito" numa cena que emula a Santa Ceia de Jesus. Ela canta para Roberto de Carvalho, sua alma gêmea, que fica do outro lado da mesa, enquanto visualizamos, como num jogo de tênis, os outros atores em momentos de prazer gerados pela entrega ao sexo e às drogas típico da época. É o momento mais transgressor da peça, e certamente um dos mais lindos.

Sem dúvida, a memória dessa peça, com suas cerca de 40 canções interpretadas, ficará guardada com carinho comigo por muito tempo. Abaixo, foto de qualidade, inferior, mas que, pelo menos, foi tirada por mim durante o espetáculo.

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