domingo, março 15, 2015

GOLPE DUPLO (Focus)



O mundo se tornou um lugar melhor quando Martin Scorsese nos revelou o talento e a beleza de Margot Robbie, australiana nascida sob o signo de Câncer que encantou meio mundo em O LOBO DE WALL STREET e passou direto para a primeira divisão de Hollywood, protagonizando com Will Smith esta comédia com toques de drama e suspense dirigida pela dupla Glenn Ficarra e John Requa, os mesmos de O GOLPISTA DO ANO (2009) e AMOR A TODA PROVA (2011), filmes que também equilibravam suas características de comédia com situações dramáticas. E Margot foi tão bem em GOLPE DUPLO (2015), que já está na agenda dos mesmos diretores para um novo filme, FUN HOUSE, a estrear no ano que vem.

Em GOLPE DUPLO, ela é Jess, uma moça que se beneficia de sua beleza e sensualidade para aplicar golpes. Acontece que ela dá de cara com um dos maiores golpistas dos Estados Unidos, Nicky, vivido por Will Smith. Na primeira tentativa de enganá-lo, o experiente golpista já saca a brincadeira e desmascara os amadores. Ela procura, então, pedir que ele a ensine a se tornar também uma profissional do ramo. E depois de hesitar um pouco, ou pelo menos fazer um pouco de charme, Nicky a aceita no grupo. Aliás, a aceita como namorada. Se bem que aceitar não é bem o verbo certo em se tratando de Margot Robbie/Jess. Ela é tão adorável e linda que é difícil demais não ficar apaixonado.

GOLPE DUPLO é dividido em duas partes. A primeira parte é certamente a mais divertida, a que mostra o início do relacionamento dos dois e os primeiros golpes. No cinema, é impressionante como nos solidarizamos com essas criaturas detestáveis, que são os ladrões. No cinema está liberado. Afinal, o que eles roubam é apenas dinheiro. Ou coisas que possam ser trocadas por dinheiro. E o tom leve que o filme adota também ajuda.

Não dá pra dizer que é um filme sem falhas. Há alguns buracos na trama, mas isso é tão fácil de relevar quando o resultado final é de deixar você sair com um sorriso de orelha a orelha. Sem falar nos momentos dramáticos e de tensão. O que dizer da cena do "chinês" no jogo de futebol americano? Certamente é um dos pontos altos do filme. Talvez o ponto mais alto. Mas que também culmina com o fim do "lado A" de GOLPE DUPLO e um salto no tempo em três anos, que traz à tona, em Buenos Aires, o personagem de Rodrigo Santoro. Que não está exatamente bem. Na verdade, ele quase estraga o filme nas cenas em que aparece, mas provavelmente porque seu personagem não é bem escrito.

No lado B, Ficarra e Requa utilizam tintas um pouco mais dramáticas, incluindo aí uma possível mudança de intenções de Nicky, ao ver novamente Jess, agora em aparente situação mais confortável. Palavras como "possível" e "aparente" cabem muito bem num filme que tenta enganar, muitas vezes com sucesso, o espectador. E é como um bom show de mágica: nós gostamos de ser enganados, nesse caso. Pagamos pra isso, inclusive.

GOLPE DUPLO representa então dois fatos importantes: o retorno definitivo (espera-se) de Will Smith como protagonista de um bom filme e a definição de Margot Robbie como uma das estrelas mais importantes de Hollywood atualmente, com chances de aumentar ainda mais os holofotes em torno dela nos próximos anos, além da possibilidade de descobrirmos os seus trabalhos anteriores, nas produções australianas.

No mais, por mais que nos atentemos para os belos e inteligentes recursos narrativos, que ainda por cima não se importam de serem deliciosamente inverossímeis, tentativas de procurar uma maior profundidade no filme, como a questão paterna de Nicky, resultam um pouco frustradas. O que importa mesmo é a ótima fluidez da trama e a química de um dos casais de protagonistas mais divertidos da telona em 2015.

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