sexta-feira, março 13, 2015

A ESCOLHA DE SOFIA (Sophie’s Choice)



Acho que nunca passei tanto tempo sem postar no blog. Em outros tempos, muita gente estaria preocupada, perguntando do meu paradeiro, mas esses tempos se foram. E a maioria das pessoas só liga mesmo para as redes sociais, anyway. Esta é a segunda postagem do mês e eu já sinto que estou mais do que enferrujado. Não recomendo para ninguém deixar de escrever por tantos dias. E como estou atrasado mesmo com todos os filmes novos, vamos de um filme "antigo" visto recentemente, A ESCOLHA DE SOFIA (1982), de Alan J. Pakula. Por ironia do destino, inclusive, acabei vendo por ocasião do mesmo trabalho que tem consumido meu tempo e minhas energias.

A primeira impressão que tive foi que eu teria gostado bem mais se o visse no cinema, na época. Esses filmes longos, mesmo os de Hollywood, se beneficiam bem mais em um estado de imersão maior. Também pensei bastante nas chamadas do SBT para o filme, e da cena que o canal destacava, que mostrava justamente o momento mais doloroso do filme, um flashback do passado da personagem de Meryl Streep. E dos poucos filmes que vi de Alan J. Pakula, tenho um carinho enorme por ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA (1990), visto no cinema.

A ESCOLHA DE SOFIA rendeu o segundo dos três Oscar de Meryl. O primeiro foi como atriz coadjuvante em KRAMER VS. KRAMER. O terceiro seria vários anos depois, com A DAMA DE FERRO. E falar de A ESCOLHA DE SOFIA sem mencionar a performance extraordinária de Meryl seria no mínimo injusto. Eu não entendo nada de polonês, mas ela convence que é uma beleza no sotaque e até na aparência de uma imigrante polonesa. Não só por isso: há toda uma relação muito especial e bonita que ela tem com o homem com quem vive junto, vivido por Kevin Kline.

Kline interpreta um sujeito de forte instabilidade mental e emocional. Passa do psicótico para o amigo pra toda hora em questão de segundos. Ele foi o homem que acolheu a imigrante que havia passado uma temporada infernal em um campo de concentração e que estava nos Estados Unidos havia pouco tempo, com a saúde debilitada por falta de alimentação adequada. Todas essas sequências que vão descortinando o passado dos personagens são especiais. E por mais que o narrador-personagem vivido por Peter MacNicol seja simpático, os personagens de Meryl e Kline são tão interessantes que MacNicol fica praticamente apagado e esquecido ao final.

Fiquei com a impressão de que o filme não envelheceu muito bem, mas ainda assim é uma obra a se ver com carinho e interesse até o fim, apesar de suas quase três horas de duração. Quer dizer, não é muito diferente de alguns desses filmes recentes do Oscar. Hollywood não mudou tanto assim.

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