domingo, fevereiro 08, 2015

FELIZES PARA SEMPRE?



Não é sempre que uma minissérie da Globo me chama atenção para que eu possa acompanhá-la até o fim. Aliás, já faz algum tempo que eu escolhi ou acompanhar tudo ou desistir logo no primeiro episódio de qualquer série que seja. Felizmente, FELIZES PARA SEMPRE? (2015) me encantou logo nos episódios iniciais, com uma trama envolvendo sexo, traição e corrupção em Brasília, que se mostrou uma cidade perfeita nas lentes dos produtores da O2, de Fernando Meirelles, responsável pelos dois primeiros e ótimos episódios e pelo desastroso episódio final.

Sim, FELIZES PARA SEMPRE? comete deslizes a partir da segunda semana e chega a uma conclusão bem pouco satisfatória, para usar de eufemismo. Mas se é para ser um folhetim mais bem trabalhado do que se costuma ver na teledramaturgia da emissora, como até de forma humilde comentou o próprio Meirelles, de certa forma eles conseguiram, apesar das derrapadas.

Interessante como a minissérie é dinâmica e ao mesmo tempo não parece ter pressa em apresentar os personagens e seus dramas pessoais. A cena da família Drummond reunida para comemorar o aniversário de casamento do patriarca Dionísio (Perfeito Fortuna) e da matriarca Norma (Selma Egrei, musa dos filmes do Khouri, irreconhecível) é perfeita para mostrar o quanto o que há de sujo pode ser varrido para debaixo do tapete e trazer à tona para os pais e avós apenas as máscaras. O casal tem três filhos que gostam muito, mas sabem muito pouco do que eles fazem. Principalmente o mais bem-sucedido de todos, o mais velho Cláudio, vivido pelo excelente Enrique Díaz.

Bem-sucedido por causa das falcatruas que faz como empreiteiro. Trabalha com os irmãos Hugo (João Miguel) e Joel (João Baldasserini). Os três vivem situações totalmente distintas com suas esposas. Cláudio é casado com uma mulher que julga ser frígida, Marília (Maria Fernanda Cândido), Hugo é doido por sexo mas sua esposa Tânia (Adriana Estevez) o evita, e Joel (João Baldasserini) passa por um momento de divórcio com a bela Suzana (Carol Abras). Como se vê, é um elenco precioso o que o pessoal da O2 e da Globo conseguiram. Mas falta falar da cereja do bolo: a garota de programa vivida por Paolla Oliveira, o grande chamariz da minissérie.

Surgida a partir de uma ligação feita pelo casal Cláudio e Marília para apimentar o casamento frio, ela ganha não só a atenção do mulherengo Cláudio, que a quer como sua, como de Marília, que descobriria as delícias do sexo com ela, sem precisar pagar, mas também sem saber que ela está envolvida com o marido.

O jogo de intrigas e mentiras chega a um ponto em que todos na série estão vivendo situações extremamente perturbadoras em suas vidas, seja por descobrir que um filho não é seu (Hugo), seja por estar apaixonada por outra mulher (Marília), seja por estar rodeado pela Polícia Federal (Cláudio), seja por enfrentar um amor da juventude (Dionísio).

Quanto a Dani Bond, o nome de guerra da personagem de Paolla Oliveira, trata-se de uma personagem bem interessante e não há como negar que é por causa dela e de sua beleza que muitos – eu, inclusive – resolveram ver a série. Sua primeira vez sem roupa, no segundo episódio, é de causar infarto em cardíacos, mas depois o sexo e a nudez mais gráfica são suavizados em prol da trama. Além do mais, as cenas de amor lésbico entre as duas mulheres, por causa de uma edição muito picotada, acabam não mostrando o que há de mais belo nesse tipo de relação: os beijos.

Mas, tudo até aí tudo bem. O que não se esperava era que a minissérie iria cair tanto em sua conclusão apressada e mal pensada. Será que não conseguem aprender com as excelentes séries americanas e britânicas? O que fazem, ao final, é jogar no ralo tudo de bom que haviam conseguido na promissora primeira metade. Sorte que dá pra lembrar dos bons momentos e do personagem cínico e sacana, tão bem encarnado por Enrique Díaz.Como esquecer o momento em que seu pai infarta, justo quando ele está num quarto de hotel com cinco prostitutas?

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