domingo, outubro 26, 2014

BANDA DO MAR NA PRAÇA VERDE DO DRAGÃO DO MAR – FORTALEZA, 25 DE OUTUBRO DE 2014























Que ideia excelente a de juntar o talento de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães em uma banda. Isso fez muito bem para os dois, especialmente para Camelo, que estava enveredando por um caminho não muito atraente. A ideia de fazer um disco para se cantar junto e com os dois compondo (e mais o baterista Fred Ferreira) saiu melhor do que a encomenda. Com pouquíssimo tempo do disco ter saído do forno, os primeiros shows já têm se revelado um sucesso imenso.

Já havia lido sobre o show no Rio de Janeiro, de como as pessoas já cantavam todas as músicas, e fiquei muito feliz que aqui também foi assim. Acredito que só na hora que Camelo cantou "Vermelho" que a plateia parou um pouco de cantar, até pela pouca popularidade de seu segundo disco solo. Ainda assim, é uma canção lindíssima, e foi ótimo poder ouvi-la sem os gritos da multidão.

No mais, a sensação é quase como a de um show do Los Hermanos, inclusive com uma inesperada invasão de parte da plateia nos palcos, especialmente adolescentes que entravam para abraçar o Camelo ou a Mallu. Ambos reagiam com muito carinho, mas em certo momento os seguranças não estavam mais conseguindo conter a situação. Ao que parece esse comportamento não estava nos planos. E talvez tenha sido um pouco assustador para a Mallu, que trafegou sempre pelo caminho da música alternativa.

Mas foi muito bom ver que o poder de fogo do Camelo e o dela se equipararam durante o show. Além de todas as faixas do disco da Banda do Mar, ainda tivemos o prazer de ouvir canções dos discos solo de ambos, além de duas do Los Hermanos. Maravilha. Se tem uma coisa que eu poderia reclamar é que foi curto demais: apenas uma hora e quinze minutos. Mas foi saboroso e inesquecível.

O show começa com um tradicional problema no microfone do Camelo, enquanto ele canta “Cidade nova”, a faixa de abertura do álbum da banda. Depois é a vez de Mallu cantar "Me sinto ótima". A essa altura já deu pra perceber que o público estava afinadíssimo, já nas primeiras canções. E isso aumenta ainda mais quando Camelo canta "Hey Nana", que tem um potencial pop muito mais forte. Quando Mallu canta a deliciosa "Mais ninguém", então, é puro deleite, seguido de uma das mais belas canções do disco, "Pode ser".

A primeira canção de fora do álbum da banda é "Velha e louca", do terceiro álbum de Mallu. Camelo vem com duas: a linda "Vermelho" e a primeira do Los Hermanos do show, "Além do que se vê", que ele toca sozinho, com a ajuda da plateia, inclusive para emular os nananás lindos que os metais desempenham na versão original da música.

Para continuar o equilíbrio, Mallu também manda uma dobradinha: "Olha só, moreno" (também sozinha, ela com cara de feliz com a plateia toda cantando junto) e "Sambinha bom", que reinicia a volta da banda. Aumentam os volumes na hora em que Camelo toca "Solar", que ao vivo ganha um punch incrível. Até mesmo a doce e sensível “Cena”, da Mallu, ganhou uma roupagem rock, o que ao mesmo tempo me decepcionou (já que eu adoro a versão mais pianinho), como também me deixou muito animado. Mas a intenção, ao que parece, era espantar a melancolia.

A tão esperada “Janta”, que traz um dueto do casal, ficou um pouco bagunçada, por causa, provavelmente, do público. O show se encerra com uma versão diferente de “Morena”, cantada a plenos pulmões pelo público (afinal, quando teremos a chance de vê-lo cantar essa maravilha novamente?), e finalizado com as guitarras excitantes de “Muitos chocolates”, decisão sábia para encerrar o show em alto astral. O público, criativo como sempre, começou a jogar um monte de chocolates na Mallu durante a canção. Enquanto não machucar a moça, a ideia é até simpática. Se bem que às vezes o amor machuca mesmo.

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