sexta-feira, agosto 29, 2014

LUCY























Se Luc Besson não é o mais prestigiado dos diretores e nem sempre nos presenteia com um trabalho digno, não há muito do que reclamar de LUCY (2014), sua nova superprodução, dessa vez também assinada por ele, que nos últimos anos tem trabalhado mais como produtor de grande sucesso internacional do que como diretor. Inclusive, o uso da língua inglesa e de atores de Hollywood é uma ótima estratégia para chamar mais atenção do mercado.

A ideia do filme é, por si só, bem interessante, embora pareça excessivamente simples e boba quando vista no trailer. Não que as referências a 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO no início e as várias citações sobre os limites do cérebro pelo pesquisador científico vivido por Morgan Freeman sejam algo que vá elevar o filme a um novo patamar, mas pelo menos, com sua objetividade, LUCY consegue algo que o pretensioso TRANSCENDENCE – A REVOLUÇÃO, de Wally Pfister, não conseguiu. E justamente por querer ser menos cabeça e mais diversão.

Na trama, Scarlett Johansson é Lucy, uma moça simples que se encontra em uma situação difícil ao ter que lidar com o chefe de uma quadrilha de tráfico de drogas, que a usa como uma mula de uma nova droga sintética ainda em experimentos. Ela é dopada e colocam saquinhos da droga em sua região abdominal. Ao passar pela violência de estar presa em um país do Oriente, a droga se mistura à sua corrente sanguínea e acontece algo muito especial: ela começa a aumentar a sua capacidade de utilização do cérebro, que não passa de 10% nos seres humanos.

As cenas de ação e os efeitos especiais são admiráveis e por isso é recomendável ver o filme em uma sala em que se possa assistir, de preferência, numa boa projeção em 4K ou mesmo 2K para perceber a sua excelência técnica (em Fortaleza, a exibição na sala IMAX é de encher os olhos). Vale lembrar que não é só nos últimos anos que Besson tem caprichado na parte técnica de seus filmes. Na década de 1990, com a ficção científica O QUINTO ELEMENTO (1997), ele já caprichou nos efeitos visuais, assim como também caprichou em JOANA D’ARC (1999), filme costumeiramente subestimado por grande parte da crítica.

Aliás, nesses dois filmes já se encontra a figura da mulher forte, sobre-humana até. De maneira diferente, mas sem fugir desse rótulo, Lucy é também uma personagem extraordinária. Não exatamente pela profundidade do roteiro e da dramaturgia, mas pela invenção da personagem, pela ideia.

Não deixa de ser curioso o fato de ser justamente Scarlett Johansson a atriz escolhida para o papel, tendo em vista os seus recentes trabalhos, em que ela também está caracterizada como uma mulher sobre-humana ou inumana, como a heroína Viúva Negra dos filmes do Capitão América e dos Vingadores, dos estúdios Marvel; a alienígena misteriosa de SOB A PELE, de Jonathan Glazer; e a inteligência artificial adorável e que se expande em ELA, de Spike Jonze.

E se LUCY não consegue ser tão brilhante quanto os filmes de Glazer e Jonze, não deixa de ser uma bela surpresa deste segundo semestre de 2014. Bom ver que Besson está acertando novamente. Sem falar na violência quase gráfica que chega a empolgar nos momentos em que a personagem ou os vilões agem friamente para obter o que desejam.

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