domingo, junho 15, 2014

AMOR SEM FIM (Endless Love)























A lembrança do primeiro AMOR SEM FIM, de Franco Zeffirelli, datado de 1981, pode estar nublada na memória de muitos, mas pelo menos duas coisas ninguém esquece. A primeira delas é a beleza enfeitiçadora de Brooke Shields, que já havia encantado muita gente, ainda adolescente, em filmes como PRETTY BABY – MENINA BONITA, de Louis Malle, e A LAGOA AZUL, de Randal Kleiser. A segunda coisa do primeiro filme que fica guardada na memória afetiva até mesmo do espectador que reconhece os problemas do melodrama é a canção-tema "Endless Love", gravada por Lionel Ritchie e Diana Ross. Grande balada que marcou época.

O novo AMOR SEM FIM (2014) recupera apenas o esqueleto do filme anterior, mas sem conseguir inovar ou melhorar o que já não era muito benquisto pela crítica e boa parte do público cinéfilo. Sem uma canção forte como "Endless Love" e sem uma garota linda como Brooke Shields, o novo filme tenta, mesmo assim, chamar a atenção da nova geração.

Gabriella Wilde, que esteve também em outro remake (CARRIE - A ESTRANHA), não consegue ser tão apaixonante. Muitas vezes só parece uma menina mimada. E o seu parceiro de cena, Alex Pettyfer (de EU SOU O NÚMERO QUATRO), até pode agradar algumas meninas, mas não tem muito carisma não. E o roteiro também não ajuda. Chega a ser constrangedora a cena em que o seu personagem fala sobre o quanto o amor é mais importante do que todas as coisas à família de sua amada.

Não que ele esteja errado, mas, com aquele discurso piegas, dá vontade de não acreditar mais no amor romântico e ser cínico com relação a isso pelo resto da vida. Tudo por causa de dois roteiristas ruins e provavelmente um livro ruim, o romance de Scott Spencer que serviu de base também para esta segunda adaptação.

O fiapo de história é extremamente simples e fala do amor entre duas pessoas de classes sociais diferentes: ela, Jade, é de família nobre e vive sempre com o semblante triste desde a morte do irmão mais velho; ele, David, é pobre e de família esfacelada, mas é feliz, ajuda o pai na oficina de automóveis e trabalha como manobrista. E é nesse emprego, em um restaurante de luxo, que os dois conversam pela primeira vez. Quando ele joga o charme pra cima dela e ela tem a ideia de fazer uma festa em sua casa, tudo como justificativa para que os dois se vejam novamente.

A história dos dois seria um mar de rosas se não fosse a implicância do pai de Jade (Bruce Greenwood), que considera o rapaz uma má influência para a jovem, que estava prestes a se dedicar à Medicina, se não fosse a paixão que passa a sentir por ele, que mexe totalmente com sua cabeça e com seu coração. A mãe de Jade, vivida por Joely Richardson, no entanto, apoia a relação dos dois e sente falta de quando amava e era amada pelo marido.

Mesmo não tendo situações tão dramáticas quanto filmes sobre doenças terminais (com o bem-sucedido A CULPA É DAS ESTRELAS), AMOR SEM FIM perde oportunidades de emocionar as plateias tanto pela falta de graça do par principal quanto pela má condução narrativa, que não consegue ter um apelo emotivo suficiente para provocar o espectador. Talvez até seja um filme que conquiste uma fatia do público, especialmente o mais adolescente, mas, certamente, quem já viu histórias de amor melhores, não se comoverá em momento algum com esse grande novelão.

AMOR SEM FIM é o terceiro trabalho na direção de Shana Feste. Os anteriores foram também histórias de amor: EM BUSCA DE UMA NOVA CHANCE (2009), estrelado por Carey Mulligan e Aaron-Taylor Johnson, e ONDE O AMOR ESTÁ! (2010), estrelado por Gwyneth Paltrow. Arrisco dizer, sem ter visto nenhum dos dois, que devem ser bem melhores que o novo filme.

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