quarta-feira, maio 28, 2014

X-MEN – DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO (X-Men – Days of a Future Past)



Quem acompanhou quadrinhos de super-heróis no Brasil na década de 1980 certamente deve lembrar com carinho de um arco de histórias dos X-Men chamado Dias de um Futuro Esquecido, escrito por Chris Claremont e desenhado por John Byrne. Trata-se de um dos mais memoráveis momentos dos heróis mutantes e uma história que se passa num futuro distópico que pegou muitos leitores de surpresa pela mudança de tempo e espaço e pela inteligência com que foi criada. Pouco dessa história foi aproveitado no longa X-MEN – DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO (2014), o que não quer dizer que o filme de Bryan Singer seja um tropeço.

Na verdade, o diretor faz uma ligação muito boa entre a "trilogia original", por assim dizer, e o excelente X-MEN – PRIMEIRA CLASSE (2011), dirigido por Matthew Vaughn, mas produzido por Singer. Assim, é uma chance de ver praticamente todos os heróis que participaram tanto dos primeiros filmes quanto de sua classuda versão sessentista. Logo, quem gostou de PRIMEIRA CLASSE certamente gostará de DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO, já que ambos têm um pano de fundo político. No novo filme, por exemplo, Wolverine viaja no tempo até 1973, um ano particularmente atribulado para os Estados Unidos, com o país saindo com o rabo entre as pernas do Vietnã.

Incluir uma trama envolvendo os mutantes dentro deste período histórico e destacar mais uma vez a questão do preconceito, que certamente encontra relação estreita com a homofobia e pode ser visto como um posicionamento político por parte de Singer, são mais dois acertos para a franquia, que por enquanto só encontra pontos fracos nos dois filmes solos do Wolverine.

A história começa no futuro, com Charles Xavier, Magneto, Tempestade, Wolverine, Kitty Pryde e outros mutantes sobreviventes tentando um modo de reverter a situação terrível em que eles e a população mundial em geral se encontram: em um mundo dominado pelos Sentinelas, robôs gigantes programados para encontrar e destruir mutantes (além de escravizar os simpatizantes). A ideia que o grupo encontra é levar o único mutante que teria condições físicas de fazer uma viagem no tempo em várias décadas sem ter seu corpo e mente destruídos no trajeto: Wolverine.

Seu objetivo é impedir que a então rebelde Mística (Jennifer Lawrence) mate o homem que idealizou os Sentinelas, Dr. Bolivar Trask, vivido por Peter Dinklage (GAME OF THRONES). Para isso ele precisará lidar também com as versões jovens de Charles Xavier e Magneto, agora inimigos mortais, como ainda seriam por muitos anos. E assim o filme deixa o soturno e pouco interessante visual do futuro para adentrar os coloridos anos 70, com uma direção de arte caprichada.

No meio do caminho, Logan encontra um jovem mutante que rouba a cena quando aparece: Mercúrio (Evan Peters). Nem nos quadrinhos o personagem é tão bem tratado. Há uma cena, em especial, que acaba fazendo dele o mais poderoso do grupo. Talvez tenha sido por isso que tiraram o rapaz de cena depois que ele ajuda o time numa missão.

O curioso é que mesmo com a sempre divertida questão da viagem no tempo e o fato de ter mais ação o novo filme não consegue atingir a excelência do trabalho dirigido por Vaughn. Talvez por falha de Singer, ou por falta de um roteiro melhor. Ninguém explica, por exemplo, como Kitty Pryde adquiriu o poder de fazer alguém viajar no tempo, já que nem nos quadrinhos isso existe. Ainda assim, não é um filme para deixar passar e é melhor que a maioria dos títulos produzidos pelos estúdios Marvel.

Depois da breve parada de Singer com a franquia, o cineasta tomou gosto com PRIMEIRA CLASSE e com este novo trabalho. Assim, já está agendado para 2016 mais um capítulo da cinessérie: X-MEN – APOCALYPSE. Certamente, a cena que aparece após os créditos de DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO estabelece uma ligação com o próximo filme dos mutantes.

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