domingo, abril 13, 2014

CONFIA EM MIM























Qualquer tentativa de colocar um filme brasileiro de um gênero que não seja a comédia dentro do circuitão já é louvável. Mesmo quando se trata de trabalhos que se beneficiem de alguma maneira da teledramaturgia. No caso de CONFIA EM MIM (2013), o principal chamariz é a presença de Mateus Solano, que se beneficiou muito de seu papel do anti-herói Felix, na telenovela AMOR À VIDA, de Walcyr Carrasco. Seu desempenho na novela foi tão marcante que chamou a atenção até mesmo de críticos franceses. O modo especial com que ele desenhou o seu personagem homossexual, com afetações sutis, foi brilhante.

A chance de vê-lo em outro papel, como no caso de CONFIA EM MIM, de Michel Tikhomiroff, pode ser um pouco frustrada, já que ele não é o que se pode chamar de um ator versátil. Porém, poucos o são. O que conta aqui é que seu trabalho funciona muito bem a favor do filme, um thriller que começa como uma aparente história de amor entre uma chefe de cozinha (Fernanda Machado) e um sujeito que ela conhece em uma degustação de vinho (Solano).

Já no começo do relacionamento, ele a incentiva a montar o seu próprio negócio, ser dona do próprio restaurante, já que é uma excelente profissional. O espectador fica ressabiado e já espera alguma coisa de ruim acontecer, que se confirma em determinado momento. CONFIA EM MIM, principalmente, em seus momentos iniciais, tem um quê de SUSPEITA, de Alfred Hitchcock, com o personagem aparentando ambiguidade.

Quando essa ambiguidade deixa de existir, CONFIA EM MIM se encaminha para um outro rumo, mas nunca perde o interesse. É o caso de filme que não chega a ser brilhante, mas que mantém o espectador preso na cadeira e interessado na trama do início ao fim.

Com o filme estreando em meio a tantos blockbusters pesos-pesados como RIO 2, NOÉ e CAPITÃO AMÉRICA 2 – O SOLDADO INVERNAL, é de esperar que ele não consiga se sustentar durante muito tempo em cartaz. Mas não custa torcer por mais um exemplar do cinema de gênero que tem características bem mais próximas do cinema do que da teledramaturgia da Rede Globo. E é também um exemplo de filme que surgiu a partir de uma boa história e que é bem conduzido por seu diretor, estreante em longas-metragens de ficção para cinema.

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