sexta-feira, março 14, 2014

CAÇADOR DE ASSASSINOS / DRAGÃO VERMELHO (Manhunter)



Minha intenção inicial era ver este filme seguindo uma ordem cronológica dos trabalhos de Michael Mann, cineasta cuja obra muito me interessa, mas que, curiosamente, conheço ainda muito pouco. Até queria comprar antes aquele livro da Taschen, mas como só encontrei pra vender por aqui em espanhol (e não em inglês), preferi deixar para outra oportunidade. Gostaria de saber, por exemplo, mais detalhes sobre esta produção, além de aprender mais sobre a estética e as obsessões do cineasta.

CAÇADOR DE ASSASSINOS ou DRAGÃO VERMELHO são os títulos brasileiros para MANHUNTER (1986), o primeiro filme a explorar o personagem Hannibal Lecter, que depois faria sucesso em três filmes estrelados por Anthony Hopkins, geraria um filme sobre a origem do personagem e hoje até tem uma elogiada série sobre Lecter. Mas, bem mais do que o próprio SILÊNCIO DOS INOCENTES, de Jonathan Demme, e da outra versão (bem inferior) de DRAGÃO VERMELHO, por Brett Ratner, MANHUNTER se concentra mais no investigador do que no assassino canibal, que é mais um terrível ajudante na captura de outro assassino.

Quem espera encontrar um filme baseado mais em trama em MANHUNTER pode se decepcionar ou se surpreender positivamente. E quem quer ver cinema inventivo, elegante e cheio de diferenciais dos demais thrillers, pode arriscar neste belo trabalho de Mann, que não conseguiu deixar a estética dos anos 80 de lado, mas isso não chega a ser nenhum problema. Ainda mais em tempos em que alguns filmes voltam a utilizar aquela estética, caso de DRIVE, de Nicolas Winding Refn. Além do mais, o próprio Mann ajudou a construir uma imagem dos anos 80, com a série MIAMI VICE (1984-1990), que seria retomada em um longa-metragem primoroso para cinema em 2006.

Em MANHUNTER, William Petersen vive o agente do FBI Will Graham, que vive escondido, a fim de proteger sua família de um perigoso serial killer. Ele havia pedido para se aposentar do trabalho, mas um colega vem com o difícil convite de trazê-lo de novo para o caso. O tal assassino, chamado de Fada dos Dentes, continua sua jornada de assassinatos e quer mexer com a cabeça de Graham também. O detetive, por outro lado, também adentra um território bastante sombrio, ao querer entender a mente do assassino.

E nisso o filme tem várias cenas com o personagem falando sozinho, como num monólogo, parecendo um tanto estranho, mas que funciona muito bem e chega a ser até poético dentro da estrutura do filme, que também se beneficia do uso das cores na bela fotografia, que enfatiza o azul. Há também uma trilha sonora toda especial que ajuda a emoldurar esta obra, que, mesmo tendo uma história fascinante, é muito mais apreciável do ponto de vista da forma, da beleza das imagens.

Quanto às interpretações, além da sensacional presença de cena de William Petersen, o principal inimigo, o Fada dos Dentes, é vivido de maneira brilhante por Tom Noonan, que só é apresentado ao público depois da metade do filme, trazendo assim uma nova perspectiva e uma apresentação de sua mente doentia. A cena dele tentando abordar uma jovem moça cega é de tirar o fôlego. Certamente, MANHUNTER é um filme que deve se beneficiar de variadas revisões.

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