segunda-feira, fevereiro 24, 2014

CLUBE DE COMPRAS DALLAS (Dallas Buyers Club)























Fica difícil falar de CLUBE DE COMPRAS DALLAS (2013) e não enaltecer o excelente desempenho de Matthew McConaughey, que está no melhor momento de sua carreira, inclusive empolgando atualmente em uma série extraordinária, TRUE DETECTIVE. Como um filme em que a atuação é um ponto forte, não podemos deixar de destacar também o outro oscarizável, Jared Leto.

Tanto McConaughey quanto Leto passaram por mudanças físicas brutais, impressionantes, tendo emagrecido bastante para interpretarem doentes de AIDS durante os anos 1980, quando se iniciou a epidemia da doença e a ciência ainda estava em busca de uma cura ou tratamento para aquele mal que matava mais rápido do que o mais agressivo dos cânceres. Leto talvez até mereça mais crédito, já que também passou por outro tipo de transformação: ele fez o papel de um transexual tão bem que chega a se perder na personagem.

Quanto ao filme em si, é um belo e empolgante drama sobre um heterossexual homofóbico e viciado em drogas que descobre que tem AIDS num tempo em que a doença ainda era ligada aos homossexuais. Tanto que, além de sofrer com um tempo de vida de 30 dias que os médicos lhe dão, ainda perde os amigos por causa do preconceito. Como é baseado em uma história real, como, aliás, boa parte dos indicados ao Oscar, CLUBE DE COMPRAS DALLAS nos apresenta a missão de um homem cujo egoísmo e o preconceito vai se esvaindo aos poucos, à medida que ele abraça as novas prioridades de sua vida.

São elas: trazer medicação não autorizada pelo Governo dos Estados Unidos para soropositivos que, ou não conseguem o remédio mais caro da temporada, o AZT, como aqueles que descobrem que o remédio mata ainda mais rápido o doente. Ao buscar um coquetel fabricado de forma quase caseira em uma cidade no México, Ron Woodroof, o personagem de McConaughey, cria uma espécie de cruzada contra o sistema de saúde e a empresa que monopoliza o uso de um remédio e que não aceita, até então, terapias alternativas.

Assim, CLUBE DE COMPRAS DALLAS funciona em diversos quesitos: como "filme de doença", como filme de atores, como um filme sobre a missão de um homem ou como um filme sobre superação. É também um retrato de uma época que parece ter sido deixada de lado ultimamente por Hollywood, agora que a doença está sob controle. Alguns momentos no filme podem comover, principalmente os momentos de abraços. Impressionante o quanto um abraço é capaz de fazer como catalizador de sentimentos.

Ainda assim, o diretor canadense Jean-Marc Vallé, de C.R.A.Z.Y. – LOUCOS DE AMOR (2005), outro trabalho também simpatizante da causa gay, procura não exagerar no sentimentalismo. Ou então não consegue transcender a mera história bem contada e com bons atores. O que não deixa de ser muito bom, mas que provavelmente não garantirá uma memória afetiva tão duradoura para seu filme.

CLUBE DE COMPRAS DALLAS foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, ator (McConaughey ), ator coadjuvante (Leto), roteiro original, edição e maquiagem e cabelos.

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