sábado, novembro 16, 2013

JOGOS VORAZES – EM CHAMAS (The Hunger Games – Catching Fire)























Com o final tão redondinho de JOGOS VORAZES (2012), o primeiro filme, ficou a impressão de que a franquia não teria muito mais a oferecer a não ser lucrar em cima do belo resultado inicial, repetindo outros jogos em filmes seguintes. Surprise, surprise: JOGOS VORAZES – EM CHAMAS (2013) consegue superar o primeiro filme em praticamente todos os quesitos. Aliás, é, até o momento, o filme que salva a safra de blockbusters do ano. Desses de se assistir com atenção, empolgação e encanto. E como se trata de uma franquia que só cresceu com o tempo, o número de espectadores aumentou em progressão geométrica. E são participativos, no bom sentido, também. Com direito a palmas em determinado momento, por exemplo.

A mudança de direção, saindo Gary Ross e entrando Francis Lawrence, de CONSTANTINE (2005) e EU SOU A LENDA (2007), não prejudicou em nada. Na verdade, Lawrence conservou o bom andamento narrativo do filme, enfatizando a questão da revolução iminente de um povo que não aguenta mais a violência e a humilhação que sofre por parte do Governo. A gota d'água são os tais jogos vorazes, um reality show em que jovens dos vários distritos têm que duelar até a morte entre si, para satisfazer os criadores e entusiastas do programa, como o presidente, vivido por Donald Sutherland, além dos espectadores mais sádicos.

Porém, alguma coisa mudou depois que Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) ganhou a última edição dos jogos e se tornou querida por muitos, ainda que odiada pela família daqueles que morreram em combate. Essa é uma das razões da cena do primeiro discurso – em que ela e seu parceiro de sobrevivência, Peeta Mellark (Josh Hutcherson), resolvem improvisar – ser tão emocionante. Ali vemos a chama da revolta, simbolizada pelos três dedos levantados, que podem remeter à liberdade, à igualdade e à fraternidade da Revolução Francesa.

Assim, se o primeiro filme parecia uma versão americana de BATALHA REAL, de Kinji Fukasaku, que por sua vez foi inspirado em um romance juvenil como a própria adaptação de JOGOS VORAZES, o novo filme amplia o cenário, oferece um gostinho de O IMPÉRIO CONTRA-ATACA, deixando uma vontade enorme de ver a conclusão da narrativa, que infelizmente (ou felizmente, quem sabe) será dividida em duas partes, assim como aconteceu com os finais das franquias HARRY POTTER e CREPÚSCULO. Sabemos que isso dá dinheiro e que esse é o principal motivo, mas é possível que isso seja usado de maneira inteligente e criativa, como até agora vem sendo.

Neste segundo filme, para arranjar um jeito de matar Katniss Everdeen, o presidente resolve chamar todos os vencedores das últimas edições para que possam duelar entre si. Seria, supostamente, uma comemoração dos 75 anos dos jogos. E o filme oferece duelos bem empolgantes entre si, além de obstáculos colocados pela própria prova, que rende cenas memoráveis como a do ataque dos macacos, que chegam a ser impressionantemente assustadores.

Quanto a Jennifer Lawrence, ela continua sendo aquela força da natureza. Linda, selvagem, humilde, dividida entre dois amores, com medo de ter sua família atingida por qualquer ação sua, de ter que magoar seu namorado (Liam Hemsworth), que inclusive participa de uma das cenas mais dramáticas deste filme. E que serve para atiçar também o espectador, deixando todo mundo revoltado e pronto para abraçar a revolução.

Além do mais, que outro blockbuster consegue trazer um elenco de apoio tão fantástico (Woody Harrelson, Donald Sutherland, Elizabeth Banks, Stanley Tucci, Philip Seymour Hoffmann, Jeffrey Wright) e usá-los todos dignamente, e não como uma mancha na carreira do ator como fazem outros filmes por aí? Afinal, os diálogos são bem construídos e os personagens são todos envolventes e interessantes. Quem diria que aqueles livrinhos de aspecto tão modesto de Suzanne Collins renderiam uma das melhores franquias juvenis dos últimos anos?

OBS.: JOGOS VORAZES – EM CHAMAS está sendo exibido em algumas salas do país com uma nova tecnologia de som, o dolby ATMOS, em cópias digitais DCP. Porém, não percebi muita diferença em relação ao som dolby convencional. Provavelmente isso se deve ao número de caixas de som que o sistema requer para que seja melhor aproveitado, como se pode ver neste link. No Iguatemi, duas salas estão exibindo o filme com este sistema, somente em cópias legendadas.

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