sábado, novembro 09, 2013

CAPITÃO PHILLIPS (Captain Phillips)























Paul Greengrass volta ao caráter urgente de seu estilo de câmera nervosa e muitas vezes tremida que se tornou famoso do grande público nos dois filmes que ele fez para a franquia Bourne: A SUPREMACIA BOURNE (2004) e O ULTIMATO BOURNE (2007). Porém, o que de melhor ele fez ainda foi o angustiante VOO UNITED 93 (2006), que é o filme que mais se assemelha a este CAPITÃO PHILLIPS (2013), que também parte de uma história real e extremamente tensa.

No começo dá até para se sentir incomodado com a câmera tremida. Como se o diretor tivesse entregado a câmera para alguém com Mal de Parkinson. Depois, ao mesmo tempo em que a gente se acostuma, esses efeitos nocivos à visão só são usados em situações verdadeiramente tensas da narrativa, quando já estamos devidamente envolvidos com o drama de Richard Phillips, comandante de um navio que tem seu cargueiro sequestrado por piratas somalis.

O filme não perde muito tempo apresentando seus personagens. Já mostra Richard Phillips, vivido por Tom Hanks, se preparando para mais um serviço. Dessa vez ele teria que passar por zonas já conhecidas por ataques de piratas, próximas da costa africana. São apresentados também os somalis que irão atacar o cargueiro americano.

Curiosamente, na sequência em que eles são mostrados, a fotografia adquire outras tonalidades, tendendo para o amarelo, com uma luz estourada. Algo que já está virando até clichê em algumas produções que querem diferenciar lugares quentes e pobres de lugares ricos. Foi assim, por exemplo, em TRAFFIC, de Steven Soderbergh.

A aparência dos piratas também pode até ser tida como um tanto racista, separando-os da limpeza e civilidade do personagem de Phillips e sua tripulação. Porém, deve ter havido pesquisa para buscar personagens que se assemelhassem aos verdadeiros piratas. Além do mais, o ator que faz Muse, o chefe dos piratas somalis, vivido pelo estreante Barkhad Abdi, personifica muito bem o aspecto ao mesmo tempo agressivo e ingênuo do vilão, que pretende encontrar milhões de dólares para ele e seus companheiros naquele cargueiro. Aliás, fica claro também que chamá-lo de "vilão" seria bastante simplificador.

Há um momento, inclusive, em que Greengrass parece fazer uma leve crítica aos Estados Unidos e aos países mais ricos, quando Muse questiona o fato de Phillips e sua tripulação estarem levando suprimentos para países carentes da África. Como se ele visse esses atos como uma esmola dada por aqueles que poderiam ajudar mais ou de outra maneira.

No entanto, por mais que o filme tenha essas conotações políticas fortes, como já é característico do cinema de Greengrass, o que é mais enfatizado mesmo é a tensão da situação complicada do Comandante Phillips ao se ver cada vez mais perto da morte, junto àqueles homens que se encontram acuados, especialmente quando a Marinha dos Estados Unidos entra em cena, a fim de salvar o comandante e não pensar duas vezes se precisar matar os piratas.

No final, quando toda essa tensão termina, é possível até mesmo chorar junto com Phillips, diante de situação tão desesperadora. E nisso entra a ótima interpretação de Tom Hanks, que pode mais uma vez ser indicado ao Oscar. Aguardemos o anúncio dos indicados ao prêmio da Academia para conferir essa possibilidade.

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