domingo, agosto 11, 2013

AS SESSÕES (The Sessions)























Uma pena que AS SESSÕES (2012) tenha chegado aos cinemas de Fortaleza vários meses depois de sua estreia em boa parte dos cinemas brasileiros, que aconteceu no período do hype em torno do Oscar, quando Helen Hunt recebeu indicação como atriz coadjuvante pelo seu papel como a terapeuta sexual Cheryl, e tanto a atriz quanto John Hawkes receberam indicações ao Globo de Ouro. Nada mais justo.

AS SESSÕES é um sensível filme sobre um homem de 38 anos (Hawkes) que só movimenta a cabeça e ainda tem problemas com respiração, tendo que passar a maior parte do tempo em uma máquina chamada "pulmão de aço". É essa máquina que o mantém vivo. Porém, o que mais o incomoda naquele momento é o fato de não ter tido nenhuma relação sexual e saber que o seu corpo pede por sexo. Como bom católico que é, foi pedir a bênção e a permissão do padre, vivido por William H. Macy. Eis um belo exemplo de um padre amigo e compreensivo. Além do mais, sua participação é fundamental não só para o desenvolvimento do enredo, mas também para a emocionante cena final.

Baseado em uma história real, por mais que o filme trate de tornar tudo mais romântico para fins dramáticos, não dá para deixar de pensar que boa parte do que está ali na tela foi vivido de fato por um ser humano de verdade, que sofreu as consequências da poliomielite, tem o coração partido por amar e sentir necessidade de amar, mas o mais comovente não é isso: é o fato de ele ter sido amado também. E não apenas por uma única mulher.

A interpretação corajosa de Helen Hunt, sentindo-se totalmente à vontade nas cenas de nudez e intimidade com Hawkes, é também um ponto alto do filme, assim como a performance do próprio Hawkes, mais famoso por papeis de homens malvados ou suspeitos, em filmes como INVERNO DA ALMA, de Debra Granik, e MARTHA MARCY MAY MARLENE, de Sean Durkin. AS SESSÕES é também dirigido por um desses diretores de nome pouco conhecido, o polonês Ben Lewin, que tem dirigido filmes e séries desde a década de 1970, na Inglaterra, na Austrália e nos Estados Unidos, mas que só agora ganha reconhecimento internacional.

E é do cinema independente americano que tem saído as melhores produções atualmente, já que os blockbusters entraram numa zona de conforto que têm prejudicado até a si mesmos. Assim, de vez em quando, filmes como esse recebem os holofotes da mídia, por serem captados por distribuidoras como a Fox, mas principalmente por serem feitos com sensibilidade.

O fato de o personagem de Hawkes ser um poeta contribui para que o filme procure encontrar também uma poesia própria do cinema, por mais que se trate de uma obra relativamente convencional, sem vanguardismos ou nada do tipo. E talvez seja por isso que AS SESSÕES não tenha sido recebido de maneira tão entusiasmada pela crítica, que em geral o classifica como um filme comum. O que pode até ser. Mas é um filme comum que emociona, faz valer as suas quase duas horas e é uma experiência que não é esquecida no momento em que os créditos sobem.

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