sábado, junho 15, 2013

A HERANÇA DOS DEVASSOS























Um filme um tanto difícil para eu terminar de ver. Não tanto pelo andamento lento, que eu até gostei, mas pelos problemas com o som ruim, que muitas vezes torna o diálogo incompreensível. Principalmente quando é Sandra Bréa quem está falando. Curiosamente, quando era o Roberto Maya falando eu entendia um pouco mais. E a presença de Maya em A HERANÇA DOS DEVASSOS (1979) ajuda bastante a tornar o filme parecido com um Khouri da virada da década, período em que o ator foi protagonista de seus trabalhos. Isso e também a atmosfera requintada de uma aristocracia brasileira.

No entanto, algumas coisas já no começo chamam a atenção pelo exagero, como o mordomo da família sempre tirar os sapatos do personagem de Maya e preparar a sua cama e seus comprimidos para dormir. Não que ele sempre fique na cama. De vez em quando ele dá uma escapulida para o quarto da empregada para dar umazinha. Mas é sempre bom lembrar que o sexo, embora esteja presente no filme, é um elemento usado de maneira sutil por Alfredo Sternheim. Pelo visto, o diretor usou esse título chamativo para conseguir filmar com dinheiro dos produtores da Boca do Lixo, que precisavam do elemento sexo para chamar a audiência e manter viva a indústria.

O estilo mais requintado de Sternheim deve aparecer também na produção de época LUCÍOLA, O ANJO PECADOR (1975), o qual não tive oportunidade de conseguir cópia, mas trata-se de uma adaptação do romance Lucíola, de José de Alencar. O subtítulo é mais para atrair público mesmo.

Voltando ao problema do som, uma pena que tenham dado um jeito para melhorar a imagem do filme, que está bem bonita, mas não fizeram um esforço para resolver o problema do som (se ao menos colocassem umas legendas). E isso prejudica até mesmo a compreensão da trama, que envolve uma família um tanto estranha que se junta para saber da herança deixada pelo velho patriarca. Da Europa, surge uma prima, que conquista o coração do personagem de Maya, mas que não é vista com bons olhos pelo restante da família, que tenta de várias maneiras expulsá-la da casa.

Sandra Bréa está linda no papel da prima e os diálogos aparentemente são bem escritos. Mas o filme não consegue nem ser tão bom quanto o menor dos Khouris, nem trazer uma atmosfera de suspense que empolgue. O que acaba fazendo com que A HERANÇA DOS DEVASSOS ganhe alguns pontos é justamente o estilo bizarro da família, que parece saída de algum filme de horror. No mais, estranhei o fato de esta produção não ter sido citada no livrinho de Alfredo Sternheim, lançado pela Imprensa Oficial.

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