segunda-feira, abril 29, 2013

E SE VIVÊSSEMOS TODOS JUNTOS? (Et Si on Vivait Tous Ensemble?)























Ver filmes que fazem refletir sobre a velhice e sobre a proximidade da morte, mesmo os que tendem mais para a comédia do que para o drama, pode ter um efeito diferente em cada pessoa. Aquelas que têm uma visão mais pessimista da vida podem achar uma lástima ter que passar por toda aquela decadência física que o passar dos anos tende a trazer; os otimistas podem ver em filmes como E SE VIVÊSSEMOS TODOS JUNTOS? (2011), de Stéphane Robelin, uma maneira leve de ver o quanto os últimos anos de vida de muitos podem ser especialmente agradáveis. Afinal, morrer nem é privilégio dos idosos mesmo.

No filme, temos um grupo de cinco velhos amigos que pensam na ideia de morarem todos juntos como uma possibilidade de passar os seus últimos dias de vida. Essa possibilidade se concretiza quando um deles, Claude (Claude Rich), tem um infarto e é levado pelo filho para um lar para idosos. O infarto surgiu justo quando ele ia transar com uma prostituta, hábito que ele conservava com prazer. Não por acaso, o filme faz uma citação direta à novela de Gabriel García Marquez, Memórias de Minhas Putas Tristes.

Os amigos casados resolvem, então, tirá-lo da casa de repouso para que morem todos juntos. Todos têm os seus problemas: Jane Fonda é Jeanne, uma mulher diagnosticada com câncer em estado terminal, mas que resolve não contar a ninguém. Ela é casada com Albert (Pierre Richard), que sofre com o Alzheimer e costuma anotar coisas que julga importantes em um caderninho. Completa o grupo Jean (o humorista Guy Bedos), que sente saudades de seus tempos de militância política, e a esposa Annie (Geraldine Chaplin). O jovem Daniel Brühl é Dirk, o etnólogo alemão que se junta ao grupo para estudar o comportamento e os hábitos dos idosos para uma tese de doutorado.

Trata-se mais de um filme de personagens do que de enredo. A não ser pelo passado galanteador de Claude e pela doença grave de Jeanne, o principal interesse do filme é ver como esse grupo de amigos tenta se virar harmoniosamente dentro de uma casa, sem a ajuda de enfermeiros ou nada do tipo. Pelo menos, dentro do recorte que o filme lhes dá. E uma das qualidades de E SE VIVÊSSEMOS TODOS JUNTOS? está justamente em saber a hora de terminar. Ou pelo menos, em criar um final bonito sem precisar apelar para um sentimentalismo piegas.

Poderia-se dizer que isso seria uma falha do filme ou uma incompetência do diretor em lidar de forma mais pungente com as tristezas e frustrações da chamada "melhor idade". Mas não se pode cobrar de um filme aquilo a que ele não se propõe. E uma coisa que já fica clara desde o início é que o segundo longa-metragem de Stéphane Robelin não se propõe a ser algo pesado, como AMOR, de Michael Haneke, para citar um caso recente que também lida com a questão da velhice, mas que é totalmente oposto em suas intenções.

O que se poderia cobrar talvez fosse uma maior ambição estilística por parte do diretor, mas também não se pode buscar em cada exemplar da comédia (ou "dramédia") francesa uma obra de arte superior que figurará nos cânones do cinema mundial. Há filmes pequenos como este que têm a sua importância e o seu valor.

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