sexta-feira, março 15, 2013

A BUSCA























Atualmente a Globo Filmes tem recebido algumas pauladas de quem deseja um cinema brasileiro popular mas de qualidade. Mas é bom que a gente saiba que isso de vez em quando acontece. E por mais que possa ser injusto ver um filme como A BUSCA (2012) ganhando propaganda em programas como o Big Brother Brasil e o Programa do Jô, enquanto os demais precisam se virar sozinhos, é justo no sentido de que o filme merece ser visto. Se o resultado vai ser positivo nas bilheterias, só saberemos daqui a alguns dias. O que posso dizer é que se trata de um dos mais belos filmes sobre o relacionamento entre pai e filho que o cinema brasileiro já apresentou. Talvez só perdendo mais recentemente para os trabalhos de Breno Silveira, em especial, 2 FILHOS DE FRANCISCO e À BEIRA DO CAMINHO.

Estreando na direção de longas-metragens, Luciano Moura parece ter bastante intimidade com a câmera e um desejo de fazer uma obra que trabalhe muito bem com os limites entre a força e a fragilidade dos personagens. A fragilidade vem de um relacionamento em ruínas, que acaba fazendo com que o único filho do casal vivido por Wagner Moura (Theo) e Mariana Lima (Branca) se sinta mal a ponto de sair de casa. Não se sabe para onde, não se sabe por quê. Quanto à força, ela vem do próprio desespero.

E ao mesmo tempo em que é um retrato intimista do relacionamento conturbado de um casal, com o uso da câmera muito próxima dos dois, nas sequências mais íntimas, nem que seja nos momentos de hostilidade, o filme é também um road movie em que a jornada de Theo é extremamente física, mas principalmente espiritual.

O desaparecimento do filho e os rastros que ele deixa pelo caminho vão se tornando elementos cada vez mais definidores do amor que ele sente pela esposa que o rejeita, pelo filho que foi por ele incompreendido e pelas pessoas que ele encontra pelo caminho (destaque para uma cena de causar lágrimas, a do parto). E no meio disso há ainda uma relação bem complicada que Theo tem com o próprio pai (Lima Duarte).

E se A BUSCA usa um naturalismo bem tradicional para melhor comunicar e trazer o espectador para mais perto da história, o filme está longe da teledramaturgia típica dos programas da Rede Globo, o que é um alívio. Há que ressaltar a boa produção da O2 Filmes, de Fernando Meirelles, que tem sido, nos últimos anos, melhor produtor do que diretor. Falando em Meirelles, um dos atores mais importantes de CIDADE DE DEUS está presente em A BUSCA, em um papel pequeno e só creditado no final.

Certamente, o filme emocionará às tantas pessoas que têm ou tiveram algum problema mal resolvido com os pais. Ou talvez até mesmo àquelas que nunca tiveram tal problema. A BUSCA deve muito também à excelência desse que é um dos maiores atores de sua geração, Wagner Moura, que constrói um personagem tão carismático que nos faz compartilhar com ele os momentos de alegria e de dor.

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