terça-feira, fevereiro 19, 2013

O SUBSTITUTO (Detachment)























O meu interesse por esse filme veio principalmente por tratar de um assunto que já chama a minha atenção há algum tempo: a solidão de ser professor. Claro que não dá para generalizar e há professores que socializam tanto entre si quanto com os próprios alunos. Mas sempre vejo a profissão como algo solitário. Ainda mais hoje em dia e em se tratando de escolas, onde os alunos são mais problemáticos e cada vez menos respeitadores. Aliás, respeito é algo que só os mais sensíveis parecem ter.

Há vários filmes que lidam com professores idealizadores e inspiradores, como é o caso de SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS ou MR. HOLLAND – ADORÁVEL PROFESSOR, mas há também aqueles que tratam dos problemas atuais, mais gritantes, como o francês ENTRE OS MUROS DA ESCOLA, de Laurent Cantent, e o documentário brasileiro PRO DIA NASCER FELIZ, de João Jardim. E há também um filme sobre a solidão de um professor, que eu acho extremamente comovente, que é NUNCA TE AMEI, de Mike Figgis, com um Albert Finney excepcional.

O SUBSTITUTO (2011) se encaixaria mais nos filmes que lidam com os problemas atuais, mas que também mostra a solidão do protagonista, vivido por Adrien Brody. O ator interpreta um professor substituto de escolas públicas. Quando um professor sai por algum motivo, ele chega para assumir a turma, mesmo sabendo que sua estadia ali é indefinidamente passageira.

No primeiro dia de aula ele tem que impor logo respeito, colocando um deles para fora e aguentando os xingamentos de outro. O problema é explicitado quando o filme mostra também alunos cuspindo em supervisoras, professores que assumem tomar pílulas para aguentar o tranco, outras choram com a pressão. Chega a ser uma situação humilhante. Parecido com quem vivencia a situação no Brasil, sendo que aqui é ainda mais barra-pesada e se paga, claro, bem menos do que nos Estados Unidos ou na França.

O SUBSTITUTO não se atém apenas na vida profissional do personagem de Brody, mas também em sua dificuldade de lidar com o avô doente, seu único parente vivo, e uma jovem prostituta que ele conhece em um ônibus (Sami Gayle). Ele acaba procurando ajudá-la, sem ter nenhum interesse sexual. Bem que o personagem podia ser mais ambíguo, mas o filme de Tony Kaye evita essas ousadias.

Pra quem não lembra (eu mesmo tinha esquecido), o diretor é o mesmo do impactante A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA (1998). Parecia um cineasta de futuro na época, mas acabou sendo esquecido e fazendo poucos trabalhos memoráveis. O SUBSTITUTO, se não chega a ser um retorno à altura, é um filme que vale a espiada. Inclusive para ver Christina Hendricks, que está belíssima, além de outros rostos conhecidos e respeitáveis, como Marcia Gay Harden, James Cann, Lucy Liu, William Petersen e Bryan Cranston.Para quem estava meio sumido, até que Kaye voltou com um grande elenco. Mas o filme passou batido e aqui foi lançado direto em DVD.

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