sábado, fevereiro 23, 2013

INDOMÁVEL SONHADORA (Beasts of the Southern Wild)























Depois de ter finalmente visto o último dos nove indicados à categoria principal do Oscar 2013, chego à constatação de que esta é uma das edições mais fracas dos últimos anos. INDOMÁVEL SONHADORA (2012) é o tipo de filme interessante, curioso, diferente, trata de um assunto que é do interesse de tantos, como o Furacão Katrina e o seu efeito na população mais pobre e que procurou permanecer em Nova Orleans, em vez de fugir. Pelo menos o filme passa essa impressão: de que houve escolha por parte deles, talvez por ignorância, quando a população mais rica já havia deixado a cidade.

Independentemente de ser ou não fiel aos fatos, INDOMÁVEL SONHADORA parece se passar às vezes em um outro universo, um mundo alternativo, principalmente por se passar na mente da jovem Hushpuppy (Quvenzhané Wallis). Interessante notar que até os nomes, tanto da atriz quanto de sua personagem, parecem estranhos. Distante do que estamos familiarizados em ver mesmo em filmes independentes produzidos nos Estados Unidos, que é de onde geralmente saem pessoas e situações mais diferentes.

O diretor é o estreante em longas-metragens Benh Zeitlin, que já chegou chamando atenção, pois foi indicado ao Oscar, deixando de fora realizadores importantes como Quentin Tarantino e Kathryn Bigelow. Quem conhece seus curtas-metragens talvez encontre neles e em seu longa pontos em comum que destaquem o seu lado autoral. Se bem que ser autor nem chega a ser importante para a Academia.

Na história de INDOMÁVEL SONHADORA, vemos a pequena Hushpuppy vivendo em um ambiente muito pobre e sentindo a falta da mãe ausente. Uma de suas brincadeiras é fazer de conta que a mãe está falando com ela na cozinha. Ela é também capaz de imaginar gigantescas criaturas pré-históricas, que geralmente surgem quando um fato importante está acontecendo. Aparecem pela primeira vez durante a grande tempestade, que transformou a cidade em um grande lago. No começo, é-se possível se alimentar dos peixes e dos crustáceos, mas com o tempo a água do mar avança e mata peixes e animais, deixando poucas opções para aqueles que queriam permanecer em seu local, e não levados para um abrigo.

Uma figura muito importante para Hushpuppy é o seu pai, que sofre de uma doença crônica. Ele a incentiva a ser forte, fazendo com que ela se sinta como um homem ou mesmo um animal. Embora o filme não se concentre nas preocupações do pai, fica claro que deixar uma filha forte o suficiente para enfrentar os perigos e as dores do mundo é a única coisa que ele pode lhe deixar como herança.

O problema é que o filme não chega a ser suficientemente comovente, embora seja plasticamente bonito, mesmo com toda a feiura da ambientação. Em certo momento, dentro de um barco com a filha, o pai diz, olhando para os prédios altos de uma cidade vizinha, que ali é feio, e que eles moram no lugar mais bonito do mundo. Naquele momento, é possível acreditar nisso, pois o que vemos em destaque é a natureza.

INDOMÁVEL SONHADORA recebeu indicações aos Oscar de filme, direção, atriz (Quvenzhané Wallis) e roteiro adaptado. O filme já havia sido destaque com o Grande Prêmio do Júri em Sundance e com o Camera d'Or em Cannes.

Nenhum comentário: