sexta-feira, novembro 23, 2012

MENOS QUE NADA



Lembro-me de quando, doze anos atrás, eu vi TOLERÂNCIA (2000) nos cinemas. Na época, tanto o Carlão Reichenbach quanto o Carlos Gerbase tinham uma coluna semanal no portal Terra. Para a seção de cartas do Carlão eu escrevia com mais constância, mas cheguei a escrever também umas duas vezes para o Gerbase. E quando saiu o filme, eu me lembro de ter gostado, mas lembro também que era quase unanimidade a crítica classificá-lo como um filme ruim. Eu, naquela época, só com as cenas mais picantes com a Maitê Proença e a Maria Ribeiro já ficava satisfeito. Mas via também a boa condução narrativa.

Seis anos depois, quando estreou SAL DE PRATA (2005), foi a minha vez de descer a lenha em um trabalho do diretor. Acho que até me senti mal depois, mesmo tendo recebido o aval dos vários amigos que comentaram sobre o filme no blog. Tratava-se mesmo de um trabalho problemático, mas havia ali, apesar de tudo, algo que me agradava, embora o tempo não me deixe me dizer bem o quê.

Agora, com MENOS QUE NADA (2012), novamente um filme de Gerbase me agrada, mesmo eu percebendo alguns problemas. Mas os méritos ultrapassam os problemas. Só em conseguir nos manter atraídos até o final, com uma história sobre o passado de um homem que ficou louco e psicótico num hospital, só isso já merece consideração.

Na trama, Paula (Branca Messina) é uma estudante de psiquiatria que faz residência em um hospital psiquiátrico e que fica bastante interessada em determinado paciente, que ela vê como um tipo ideal para ser o seu objeto de pesquisa de seu trabalho científico. Este homem é Dante (Felipe Kannenberg), que passa os dias a escavar a terra, simular sexo com uma cadeira e se fingir de morto por vários minutos.

Aos poucos, Paula vai procurando pessoas que pudessem formar o passado daquele homem, a fim de que ela possa entender o que aconteceu para que ele ficasse naquele estado. E assim o filme adota uma estrutura de depoimentos diante da câmera e de flashbacks, que reconstituem o passado de Dante, cujo nome talvez não tenha sido escolhido em vão.

É aí que entram em cena personagens importantes, como sua namoradinha de infância que reapareceu em sua vida, Berenice (Maria Manoella), e a mais interessante, a especialista em arqueologia René, vivida por Rosanne Mullholand. Aliás, a Rosanne foi um dos principais motivos para que eu quisesse ver o filme. O que viesse a mais era lucro. E de fato saí no lucro, pois a história que envolve fósseis, marido ciumento e mulheres que confudem a cabeça de um homem frágil até que rendeu bem.

P.S.: Confira no Blog de Cinema do Diário do Nordeste os dez melhores filmes de 2012 segundo a Cahiers du Cinéma. AQUI

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