quarta-feira, setembro 12, 2012

GIRLS – A PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA (Girls – The Complete First Season)



Este ano aparentemente não foi muito pródigo de novas séries de primeira qualidade. Mas GIRLS (2012), escrita, produzida, protagonizada e muitas vezes dirigida por Lena Dunham, é sensacional. Com apenas 26 anos, Lena fez um belo trabalho, desses que parece ter saído de suas próprias entranhas. Gordinha e provavelmente já tendo enfrentado preconceito numa sociedade que cada vez mais cultua o corpo magro, ela não se incomoda em se expor fisicamente em cenas de nudez e de bastante intimidade com o ator que faz o seu namorado Adam (Adam Driver, o único personagem masculino no elenco fixo da primeira temporada).

GIRLS mostra um grupo de quatro amigas totalmente diferentes vivendo em Nova York. Pode-se dizer que há semelhanças com SEX AND THE CITY. Talvez haja mesmo. Mas GIRLS, apesar do título, é bem menos florida que a saga de Carrie Bradshaw e amigas. Até porque a série de Dunham parece melhor escrita e suas personagens são dotadas de uma personalidade forte e interessante. Talvez a mais tímida seja exceção. Talvez ela seja uma personagem a ser melhor desenvolvida nas próximas temporadas. Do jeito que está, é quase o calcanhar de Aquiles da série. Só não chega a comprometer porque ela é a que aparece menos das quatro.

Pode até parecer uma contradição eu começar a falar do preconceito com as gordinhas e depois já sair citando as duas mais bonitas da turma, mas não vou conseguir resistir. Allison Williams no papel de Marnie, a colega de quarto de Hannah (Lena Dunham), é adorável, mesmo às vezes sendo um tanto chata, por ser certinha demais. Por outro lado, há a personagem que é o seu extremo oposto, a inglesinha Jessa (Jemima Kirke), que não liga para as consequências de alguns de seus atos. Mas nem tudo é preto no branco, pois mais tarde veremos que tanto uma como a outra são capazes de coisas que duvidávamos.

A série tem algumas ousadias que podem ser ditas como características do canal HBO, mas talvez GIRLS tenha ido um passo a frente, não exatamente no sentido gráfico, mas no mostrar e no falar sobre sexo de maneira tão aberta e sem pudores. O pacote com os dez episódios da primeira temporada já mostra que o material é de primeira. Agora é esperar pelos próximos. E parabéns a Lena Dunham e também a Judd Apatow, que é um dos produtores executivos. Ele já havia se mostrado bem interessado no humor feminino em MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO e dessa vez pode ter sido responsável por nos apresentar a outra mulher talentosa: Lena Dunham.