quarta-feira, agosto 22, 2012

PARIS-MANHATTAN



Este é o tipo de situação em que eu me pergunto se o problema é comigo ou com o filme. Na sessão de PARIS-MANHATTAN (2012) um monte de gente rindo a valer, inclusive uma velhinha, que dava uma gargalhada gostosa, enquanto eu ficava carrancudo e sem entender o que havia de tão engraçado no filme. Achei até mal feito, fraco, bobo, com problemas de montagem. E também me perguntei se é o velho problema que eu tenho com as comédias francesas. A sorte é que no mesmo dia, na sessão seguinte, Emmanuel Mouret salvou a pátria com o seu delicioso A ARTE DE AMAR. O que sobra num, falta no outro. Mas os dois filmes têm algo muito forte em comum: a vontade de homenagear Woody Allen.

E no caso de PARIS-MANHATTAN, a homenagem é explícita, já que o filme conta a história de uma garota (Alice Taglioni) que é fanática pelo cineasta-ator-comediante e nem liga muito para namoro. Até o dia em que ela se vê mais ou menos dividida entre dois pretendentes. Ela é farmacêutica e prescreve filmes do Woody Allen para curar alguns males de pessoas que chegam à farmácia. Segundo ela, se Allen salvou a sua vida, pode muito bem ajudar também a outras pessoas. Ela também "conversa" com Allen em seu quarto, olhando para um gigante pôster. A voz de Allen funciona como uma espécie de voz da consciência dela.

O problema é que a diretora, Sophie Lellouche, parece não dominar muito bem o timing para a comédia. Tudo parece muito amador. Comédia é talvez o gênero mais difícil de fazer e mesmo que a intenção seja apenas deixar estampado um sorriso no rosto do espectador, ainda assim é uma tarefa complicada. Talvez outras pessoas que estejam mais familiarizadas com o humor francês gostem mais do filme, a julgar pela reação da audiência, mas pra mim, o que salva PARIS-MANHATTAN do completo esquecimento é a participação carinhosa de Woody Allen no final. Aí sim um sorriso se estampou em meu rosto. Mas aí já era um tanto tarde.

P.S.: Quero deixar registrada ainda a minha insatisfação com as cópias digitais. Creio que o problema seja da aparelhagem, já que em festivais como o Cine Ceará e em Gramado, a qualidade dos filmes exibidos em digital é de dar gosto. E o pior é que parece que os cinemas do Iguatemi também vão aderir às cópias digitais. Não está sendo fácil.