domingo, junho 24, 2012

E AÍ... COMEU?



Está longe de ser bom cinema, mas também não vou engrossar as já tantas críticas negativas e óbvias a E AÍ... COMEU? (2012), de Felipe Joffily, mesmo diretor da comédia juvenil MUITA CALMA NESSA HORA (2010), que tinha lá seus momentos engraçados. O diferencial de E AÍ... COMEU? é que se trata da adaptação de uma peça de Marcelo Rubens Paiva, e por isso tem uns diálogos interessantes. O ruim é que a presença de Bruno Mazzeo já remete ao horrível CILADA.COM, do ano passado, e faz colocarmos o filme no mesmo saco. E talvez até mereça mesmo. Quem mandou fazerem propaganda enganosa? Porque esse negócio de dizer que é a primeira comédia verdadeira sobre o amor só acredita quem é muito ingênuo mesmo.

No fim das contas, E AÍ... COMEU? nem é bem uma comédia para todos os sexos; é mais uma comédia masculina, muito embora as mulheres possam também gostar. Mas a estrutura do filme é de homens conversando sobre mulher e sacanagem em mesa de bar. Geralmente tirando alguma vantagem ou dizendo qual o jeito ideal de se pegar uma mulher. No fim das contas, antes mesmo que o filme explicite, percebemos que aquele trio de homens ali é cheio de inseguranças. E AÍ... COMEU? é um filme sobre a insegurança masculina.

Há o personagem de Bruno Mazzeo que acabou de se divorciar e sofre muito ainda com a falta da esposa (Tainá Müller), o homem casado (Marcos Palmeira) que está com o casamento de mal a pior, e desconfiando que a mulher (Dira Paes) está traindo-o, e há aquele que não consegue ficar num relacionamento sério (Emilio Orciollo Netto), é apaixonado por uma prostituta e tem dificuldade em terminar um livro. O filme até certo ponto lida bem com esse mal estar da insegurança, de mostrar o homem tentando segurar uma fachada de fodão, quando no fundo as coisas não são bem assim.

Se o filme tivesse se vendido como tal, com certeza não traria público aos cinemas. E por isso tiveram que usar a má fé de vendê-lo como uma comédia para se rir muito. Acontece que como uma comédia, o filme não funciona direito. Se é que ele funciona de alguma maneira. O diretor Felipe Joffily perdeu a oportunidade de dar dignidade ao seu filme, embora esteja bem longe de ser constrangedor quanto CILADA.COM (que não é dele, vale lembrar). Provavelmente na peça de Rubens Paiva essa fragilidade do homem no mundo contemporâneo fosse mais acentuada, o que tornaria o filme mais interessante. Mas o que importa são os números, não é mesmo?