quinta-feira, abril 26, 2012

12 HORAS (Gone)



E o diretor Heitor Dhalia foi para os Estados Unidos dirigir uma produção genérica. Ao contrário de Walter Salles, que fez algo parecido com ÁGUA NEGRA, mas que conseguiu colocar elementos próprios de seu cinema em um filme de horror que eu considero bem interessante, apesar de renegado pelo próprio diretor, Dhalia não conseguiu se impor em Hollywood com o seu 12 HORAS (2012). Isso acontece com vários cineastas de diversas nacionalidades quando chegam a Hollywood: aceitam o esquema e não impõem seus próprios termos, aceitando, por exemplo, um roteiro mequetrefe como esse de 12 HORAS.

No filme, o que mais me chamou a atenção foi o fato de a polícia dar a impressão de que não tem mais nada importante a fazer do que perseguir uma garota que eles acham que não é muito boa da cabeça. Aí enviam várias viaturas para perseguir a moça, como se ela fosse um terrorista, um serial killer ou algo do tipo. Ficou, para dizer o mínimo, um troço muito estranho. Nem sou tão adepto de um cinema mais verossímil, pois esse elemento não é assim tão necessário em certas produções de suspense, mas ainda assim fiquei incomodado com as fragilidades do roteiro.

Na trama, Amanda Seyfried é Jill, uma jovem que já foi sequestrada por um assassino serial e que conseguiu escapar viva. Acontece que os policiais não encontraram o local do crime, levando a jovem a ser internada como louca em um hospital psiquiátrico. Jill nota que sua irmã foi sequestrada e já imagina que foi o assassino que voltou. A polícia, porém, não acredita em sua teoria e fica procurando por ela o filme inteiro. Interessante é que a duração de 12 HORAS é curta (apenas 94 minutos), mas que me passou a impressão de que ainda poderia ser mais enxugado. Ainda assim, alguns críticos consideram-no o melhor filme de Dhalia. Mas são os críticos que não gostaram de nenhum outro trabalho do diretor. Nem de O CHEIRO DO RALO (2006).

Agora, com Dhalia de volta ao Brasil para filmar SERRA PELADA, com Wagner Moura, e muito provavelmente frustrado com sua experiência hollywoodiana, pode ser que ele retome a curva ascendente que alcançou de NINA (2004) até O CHEIRO DO RALO.