sexta-feira, abril 20, 2012

HÄXAN – A FEITIÇARIA ATRAVÉS DOS TEMPOS (Häxan)



Eis um filme bem difícil de categorizar. Misto de documentário com momentos de narrativa dramática e de terror, HÄXAN – A FEITIÇARIA ATRAVÉS DOS TEMPOS (1922), de Benjamin Christensen, é, surpreendentemente, em sua maior parte, sobre o quanto a superstição imperou na Idade Média e o quanto a Igreja Católica torturou e queimou mulheres acusadas de bruxaria. Qualquer coisa diferente era motivo para suspeitas: fosse feia e com uma verruga no nariz, como as bruxas tradicionais dos contos de fadas; fosse bonita demais, a ponto de excitar o mais resistente dos sacerdotes.

Dividido em capítulos, o primeiro é bem didático e mostra como a sociedade da Idade Média via o mundo e como eles imaginavam que era o céu, o inferno, o Sol e os planetas. Muito curioso esse capítulo. A Igreja incutia o pavor das chamas do inferno na população e muitas fofocas surgiam a ponto de se criarem histórias de bruxas beijando a bunda de Satã em rituais de magia negra, por exemplo. Na segunda parte do filme, predomina a cor vermelha na fotografia, que mostra o demônio feioso e de chifres seduzindo as mulheres no meio da noite.

Mais adiante o filme se centra mais nas torturas da Inquisição e nos métodos certeiros para descobrir se uma mulher é uma bruxa. Joga-se a mulher no rio. Se ela não afundar é porque é uma bruxa e será imediatamente retirada da água para ser enforcada; se afundar, morrerá em paz. Esse "método", inclusive, pode ser visto no ótimo O CAÇADOR DE BRUXAS, de Michael Reeves. Mas além desse conteúdo muito curioso, o bonito do filme é a força das imagens, remetendo diretamente ao mundo dos sonhos.

Alguns filmes em preto e branco da década de 1920 parecem ter uma magia toda própria e esse é, sem dúvida, um filme único. Porém, confesso que fiquei um tanto decepcionado com a abordagem racional. Esperava algo mais esotérico e horripilante, digamos assim.

P.S.: Saiu ontem a lista dos filmes selecionados para o Festival de Cannes 2012. Confira AQUI.