domingo, abril 15, 2012

AS MULHERES DO 6º ANDAR (Les Femmes du 6eme Etage)



A intenção era ficar em casa trabalhando e estudando, mas um carro com um paredão de som com forró em alto volume tornou impossível eu ficar em casa para fazer qualquer coisa que fosse. Assim, um tanto indignado por estar me sentindo expulso de minha própria casa, rumei para o Espaço Unibanco Dragão do Mar, para uma sessão de AS MULHERES DO 6º ANDAR (2011). Era também uma chance de prestigiar os últimos dias desse lugar que fechará as portas no dia 30 deste mês e que ainda tem um destino incerto. Pelo menos, até onde eu sei.

Tenho uma relação de afetividade com os cinemas do Dragão do Mar. Só este ano, dois dos cinco melhores filmes que vi foi lá: A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM e O GAROTO DA BICICLETA. Foi lá o lugar que eu assisti CIDADE DOS SONHOS, de David Lynch, o filme do milênio; foi lá que eu saí, com os olhos marejados e um nó na garganta, após a sessão de FALE COM ELA; foi lá que vi os dois primeiros filmes do Dogma 95; vi o impactante O VERÃO DE SAM, de Spike Lee; quase todos os filmes de Eduardo Coutinho desde SANTO FORTE; uma série de filmes de Luis Buñuel, em película; filmes importantes de jovens cineastas brasileiros, como CÃO SEM DONO, CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS, BAIXIO DAS BESTAS, O CÉU DE SUELY, SANTIAGO; e de cineastas não tão jovens assim, como FALSA LOURA, ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO e CLEÓPATRA. Além disso, foi espaço para muitos momentos felizes e memoráveis.

Mas depois desse longo parágrafo de quem se apega às coisas e às memórias, falemos um pouco de AS MULHERES DO 6º ANDAR, essa comédia muito simpática de Philippe Le Guay. O filme trata de diferenças de classes e se passa na Paris de 1962. Há uma família de burgueses que, após a morte da matriarca, demite sua velha empregada. Eles admitem então uma jovem empregada espanhola chamada Maria, vivida pela bela argentina Natalia Verbeke. O senhor da casa, Jean-Louis Joubert (Fabrice Luchini, de POTICHE – ESPOSA TROFÉU), começa a ficar encantado com a beleza e o jeito de Maria. E, por tabela, passa a se interessar também pela Espanha e pelos problemas das mulheres espanholas que moram em pequenos quartos no 6º andar, em condições não muito boas, todas trabalhando como empregadas das patroas dos outros andares do prédio.

Entre o grupo de espanholas, há três atrizes conhecidas dos filmes de Pedro Almodóvar: Carmen Maura - que dispensa apresentações -, Lola Dueñas e Concha Galán. O filme, a princípio, parece uma comédia quadrada e um tanto aborrecida, mas aos poucos vai conquistando o espectador. Principalmente a partir da entrada em cena de Maria. E do quanto sua presença mudará o rumo dos acontecimentos e a vida de todos ao redor. O quadro final é de uma beleza que deixa a gente feliz de ter saído de casa para ver o filme.

P.S.: No blog do Diário do Nordeste: uma pequena nota sobre o lançamento do teaser trailer do filme de estreia de Kleber Mendonça Filho, O SOM AO REDOR. Clique AQUI.

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