quinta-feira, março 01, 2012

HOMENS DE BEM



Em geral, os trabalhos que Jorge Furtado faz para a televisão não ficam muito a dever a seus filmes para cinema. Um bom exemplo disso é LUNA CALIENTE (1999). Há também um média-metragem que quem viu elogiou muito, que é APENAS BONS AMIGOS (1995), feito para a série COMÉDIA DA VIDA PRIVADA e que hoje é difícil de encontrar. No caso da minissérie A INVENÇÃO DO BRASIL (2000), ele usou técnicas de narração parecidas com a de seu curta mais celebrado, ILHA DAS FLORES (1990). Pena que transposto para o cinema, toda a parte informativo-espirituosa de Furtado se foi, ficando apenas a história meio boba de Guel Arraes.

HOMENS DE BEM (2011) foi exibido no final do ano passado na Rede Globo e aparentemente foi pouco visto. Se bem que mesmo sendo pouco visto, o filme com certeza teve mais visibilidade do que se fosse lançado nos cinemas. Rodrigo Santoro, por mais que tenha sido elevado a posto de ator internacional, não é garantia de sucesso de bilheteria por aqui. Aliás, acho que o cinema brasileiro nem tem mais um ator ou atriz que funcione como chamariz para as bilheterias. Talvez um pouco o Selton Mello ou o Wagner Moura.

Em HOMENS DE BEM, Santoro e Débora Falabella voltam a se reunir depois de MEU PAÍS, de André Sturm. E eu diria que o telefilme de Furtado resulta mais feliz. Na trama, o astro interpreta um espião que tem a missão de armar um flagrante em um sujeito, usando uma mala recheada de dinheiro. Enquanto isso, a polícia fica na cola do protagonista. O bom do filme é o agradável andamento narrativo, o clima de filme de espionagem sem copiar fórmulas americanas, além do bom elenco, que ainda conta com Luis Miranda, Virginia Cavendish, Fulvio Stefanini e Tonico Pereira.

O fraco do filme está em sua conclusão. Fica a impressão de que HOMENS DE BEM é um pouco simplista demais ao fazer a sua bem humorada crítica à corrupção nacional e o uso de grampos, que tanto já foi notícia nos jornais. Curiosamente, há uma cena que lembra O HOMEM QUE MUDOU O JOGO, de Bennett Miller. Em ambos há a figura do pai vendo e ouvindo a filha cantando com um violão. Impressionante como no filme brasileiro a menina desafina e a interpretação é ruim e no americano a garota canta bem e emociona. Mas não sei se a comparação é justa, já que há também diferença de idade entre as garotas.

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