sexta-feira, fevereiro 03, 2012

PORNÔ!



Embora eu seja ainda um calouro no que se refere ao conhecimento dos filmes e diretores que marcaram a História do cinema brasileiro da época da Boca do Lixo, fico sempre triste quando sei de alguma notícia da perda de algum cineasta importante desse tão rico período. Quem partiu dessa vez foi John Doo, que esteve em coma nos últimos anos por causa de um AVC. E é uma pena eu pesquisar no Google sobre a morte do diretor e não encontrar quase nenhum site comentando ou relatando o ocorrido. Vi apenas no blog do Matheus Trunk, que fez uma homenagem a Doo.

E foi com a intenção de também fazer uma humilde homenagem que resolvi assistir algum trabalho dirigido por esse chinês de nascença, mas brasileiro de espírito. Entre as opções disponíveis, só tinha PORNÔ! (1981), que não deixa de ser uma boa pedida, mesmo sendo um filme de segmentos, com Doo dirigindo apenas o último. Mas o importante é que justamente o segmento dele é o melhor e o mais admirável do filme.

Tenho já uma boa experiência com filmes brasileiros de segmentos. Caso de pérolas como AS SAFADAS, A NOITE DAS TARAS e CONTOS ERÓTICOS, todos eles marcantes, cada um à sua maneira. PORNÔ! não é tão bom quanto os três em seu conjunto, mas o segmento de John Doo que encerra o filme é simplesmente brilhante. Chama-se "O Gafanhoto" e tem uma intrigante e surreal trama, na qual uma mulher cega (Zélia Diniz, foto) controla o marido (Arthur Rodever) através dos espelhos. Ela é capaz de enxergar através dos vários espelhos existentes no quarto dele. Além de ter cenas bem apimentadas, inclusive uma outra em que Zélia Diniz encena belissimamente um orgasmo, a história de Ody Fraga, junto com a direção de John Doo, faz de "O Gafanhoto" um dos mais interessantes trabalhos de nosso cinema.

Mas PORNÔ! começa com outros dois bons filmetes. O primeiro segmento, "As Gazelas", de Luiz Castellini , mostra uma relação interessante entre duas garotas. Pena que é curtinho demais. Estava sendo um prazer assisti-lo, especialmente pelo corpo nu de Maristela Moreno. Quanto a "O Prazer da Virtude", dirigido por David Cardoso, também produtor e protagonista, vale mais pela presença de Matilde Mastrangi, que é aquele desbunde de mulher. Embora a trama seja bobinha, não dá pra esquecer a Matilde vestida de freira para satisfazer a fantasia sexual do personagem de Cardoso.

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