quarta-feira, agosto 10, 2011

NÃO SE PREOCUPE, NADA VAI DAR CERTO!



O mais novo filme de Hugo Carvana tem um ar anacrônico. Parece uma produção dos anos 1970, década em que o diretor ficou famoso e respeitado pelo filme VAI TRABALHAR, VAGABUNDO (1973), que até ganhou uma continuação nos anos 1990, porém sem o mesmo sucesso. Carvana é mais conhecido como ator e tem um currículo pequeno de filmes como diretor. Nunca me esqueci de BAR ESPERANÇA (1985), talvez por causa da cena de strip-tease de Sílvia Bandeira. Também nunca me esqueci de ver um cinema como o São Luiz lotado para ver a sua versão de O HOMEM NU (1998), com o público gargalhando como eu jamais vi antes num filme nacional.

NÃO SE PREOCUPE, NADA VAI DAR CERTO! (2011) procura o seu espaço na safra atual de comédias, e por mais bobo que possa parecer, o filme de Carvana é muito mais digno do que a grande maioria das comédias juvenis atuais. A atual safra dificilmente colocaria um grande e veterano ator como Tarcísio Meira como protagonista. Dos novos diretores, só quem tem apostado em atores mais velhos e às vezes esquecidos é Selton Mellon, como se pode notar em seus dois trabalhos na direção.

O filme de Carvana pode ser dividido em duas partes. A primeira investe mais numa comédia ingênua, em que pai (Tarcísio Meira) e filho (Gregório Duvivier) trabalham como itinerantes em lugares remotos e pequenos do Nordeste do Brasil. O filho aproveita a moda das stand-up comedies, geralmente fazendo piadas ligadas às presepadas do pai. Enquanto isso, o pai faz suas "cagadas", para usar o termo que o personagem de Tarcísio Meira costuma dizer. A segunda parte inicia-se a partir de uma reviravolta na trama, que se dá com características policialescas, o que o torna até mais interessante nessa história de farsantes.

O resultado final é de poucos risos, o que depõe muito contra o filme, mas que em certo sentido lembra a leveza de algumas comédias francesas e ainda conta com a beleza da fotografia de Lauro Escorel, além da exuberência de Flávia Alessandra. Quer dizer, para um filme que se vende muito mal no trailer, até que o resultado final não é ruim.

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