quinta-feira, julho 28, 2011

HAROLDO TAPA OLHO (The Milky Way)



Este é o primeiro de uma série de três filmes de Leo McCarey que pretendo comentar aqui no blog. Já havia feito uma mini-peregrinação pelos filmes desse diretor, mas, como não é muito fácil conseguir muita coisa dele, só recentemente consegui mais uma série de filmes. E este HAROLDO TAPA OLHO (1936) é o menos importante dos três, mas que entra primeiro, pois pretendo obedecer a uma ordem cronológica. Trata-se de uma comédia, gênero que McCarey dominava tão bem quanto o melodrama. Segundo Peter Bogdanovich, ele foi o responsável por reunir O Gordo e o Magro; foi responsável pela direção de DIABO A QUATRO (1933), considerado por muitos o melhor trabalho dos irmãos Marx; e foi responsável pela persona que Cary Grant assumiria nas comédias a partir de então, depois de ter feito com ele CUPIDO É MOLEQUE TEIMOSO (1937).

HAROLDO TAPA OLHO é outro filme que McCarey fez com um comediante famoso. Dessa vez, um advindo do cinema mudo: Harold Lloyd. Se Lloyd não tinha o mesmo prestígio e nem o mesmo talento que os geniais Charles Chaplin e Buster Keaton, ainda assim era um mestre do humor físico. Tanto é que ele não se adaptou muito bem ao cinema falado. O próprio McCarey, em entrevista a Bogdanovich, afirma que ele era incapaz de representar. Apesar disso, o filme traz vários momentos engraçados, principalmente perto do final, e acaba sendo um bom representante meio torto do subgênero screwball comedy.

No filme, Lloyd é um entregador de leite de uma grande companhia que não é exatamente um funcionário padrão. E o patrão ainda não vai com a cara dele, ainda por cima. Um dia, defendendo sua irmã de uma dupla de boxeadores, ele, que tinha uma habilidade extraordinária em se esquivar, acaba por "nocautear" o famoso boxeador e isso gera notícias nos jornais. A família e os agenciadores do boxeador tentam contatá-lo, mas o melhor que conseguem fazer é trazê-lo para o mundo do boxe. As cenas de "luta" no ringue lembram tanto Charles Chaplin quanto Didi Mocó, que por sua vez copiava Chaplin. São momentos que mais se aproximam das comédias mudas. E são justamente nesses momentos que a gente entende que o mundo de Lloyd estava mesmo com os dias contados.

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