sexta-feira, julho 29, 2011

HANNA



Hoje em dia, com os cinemas infestados por filmes convertidos em 3D, que mais parecem uma máfia para ganhar dinheiro dos desavisados e ainda por cima tomar o espaço que filmes importantes teriam, é até compreensível que HANNA (2011), o quarto longa-metragem para cinema de Joe Wright, não tenha ganhado espaço e a distribuidora Sony tenha resolvido lançá-lo direto em DVD e Blu-ray no Brasil. Outro problema que também tem afetado a quem gosta de ver filme no cinema são as inúmeras e horrendas cópias dubladas, que antes eram feitas apenas para filmes infantis, mas que agora são usadas para praticamente todo filme hollywoodiano que se pretende ser bem sucedido nas bilheterias. Mas falemos de HANNA.

O filme é uma surpresa para quem está acostumado a associar o nome de Joe Wright a dramas de época. Digo isso, pois prefiro apagar da minha memória o fraquíssimo O SOLISTA (2009). Preferível lembrar do cineasta dos excelentes ORGULHO E PRECONCEITO (2005) e DESEJO E REPARAÇÃO (2007), filmes que se caracterizavam por uma direção moderna, com belos travellings e uso elegante de gruas, que se contrapunham ao que normalmente se vê em filmes do gênero contemporâneos, que em geral seguem uma cartilha mais tradicional.

Quanto a HANNA, ao ver, por exemplo, o espetacular plano-sequência em que Eric Bana luta com vários homens, veio-me à mente a impressão de que Joe Wright é o cineasta mais virtuosista da atualidade. Pelo menos do Ocidente, já que no Oriente, nomes como Johnny To e Wong Kar-wai, entre outros, são mestres do virtuosismo. Outra coisa que chama de imediato a atenção em HANNA é a trilha sonora, a cargo dos Chemical Brothers, que fizeram uma música que casa muito bem com um thriller de ação.

Na trama, a jovem Hanna (Saoirse Ronan) vive num lugar gelado e remoto da Finlândia com o pai (Eric Bana), com quem aprende técnicas de sobrevivência e de luta, bem como as mais diversas línguas. Mas é chegada a hora de ela partir para o mundo, para sua missão, e dar de cara com pessoas que caçam ela e seu pai. Em fuga, Hanna encontra um grupo de turistas que a veem como estranha, mas mesmo assim a acolhem, e também descobre alguns segredos a respeito de si. Cate Blanchett é a vilã perversa e estilosa, que nem de salto alto perde a pose nas cenas de perseguição e tiroteio.

O próximo filme de Joe Wright será uma volta aos dramas de época: uma nova versão de ANNA KARENINA, prevista para estrear no próximo ano. Espero que dessa vez possamos ter o privilégio de vê-lo no cinema. Até porque, esse filme, que conta com Keira Knightley, a atriz de sorte do diretor, tem cara de concorrente ao Oscar.

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