quarta-feira, junho 22, 2011

THE KILLING – PRIMEIRA TEMPORADA (The Killing – First Season)



Os produtores de TV americanos frequentemente têm importado ideias para suas séries. E com frequência dá certo. A adaptação da inglesa THE OFFICE deu muito certo, até pelo menos chegar o ponto de cansar; mesmo caso de IN TREATMENT, adaptada de uma série israelense. THE KILLING (2011) é adaptação de uma série dinamarquesa, mas que possui elementos e homenagens a outra série bastante conhecida e querida, TWIN PEAKS. A própria pergunta que estampa o cartaz é praticamente a mesma da utilizada na série lynchiana. Em vez de Laura Palmer, a pergunta agora é "Quem matou Rosie Larsen?". A maior diferença está no registro mais realista, bem longe da surreal, mágica e aterradora história de David Lynch e Mark Frost. Mas exemplos como o encontro do corpo da jovem, o desespero dos pais ao saberem da tragédia, e mais um outro detalhe importante que aparece nos últimos episódios remetem diretamente a TWIN PEAKS.

Um dos aspectos mais positivos de THE KILLING é o seu andamento narrativo característico das séries do canal AMC. Sem pressa, mas instigante o suficiente para que queiramos ver um episódio todos os dias. Temos uma dupla de policiais de estilos tão distintos quanto Mulder e Scully (ARQUIVO X) agindo na tentativa de descobrir o assassino. Ela é Sarah Linden (Mireille Enos), mulher de poucos sorrisos que está se desligando da força policial de Seattle para se casar e mudar de vida, levando o filho adolescente à tiracolo. Ele é Stephen Holder (Joel Kinnaman), o policial com jeitão de malandro que é chamado para substitui-la. No entanto, antes de Linden ir embora, seu chefe pede para que ela assuma um último caso, justamente o do assassinato de Rosie Larsen. Para quem ia passar só um tempinho até o seu parceiro se acostumar, Linden fica cada vez mais obcecada pelo caso e deixa de lado sua vida familiar e afetiva. Nós, tão interessados quanto ela, compreendemos muito bem sua obsessão.

Como é de se esperar numa série desse tipo, vários personagens são dispostos como suspeitos em potencial. Um candidato a prefeitura, sua amante e seu assessor, um professor de ascendência árabe, os familiares de Rosie, entre outros menos importantes. Quase todos são suspeitos. Exceto talvez a mãe de Rosie, vivida por Michelle Forbes, que eu tanto odiei em TRUE BLOOD, mas que está impecável em THE KILLING. O narrador onisciente escolhe aquilo que mais lhe interessa para manter o suspense e o interesse do espectador, a exemplo do que também acontecia em TWIN PEAKS.

Alfred Hitchcock costumava dizer que filmes whodunits não lhe interessavam. E ele tem suas razões. Mas acontece que menos importante do que saber quem matou Rosie é acompanhar as investigações, tão bem desenvolvidas ao longo da trama. Infelizmente há alguns problemas nesse desenvolvimento, o que é visto com mais força no episódio final, que chega a macular essa que poderia ter sido a melhor série do ano. (Se bem que tirar o título de GAME OF THRONES não é fácil.) Um episódio se destaca entre os treze dessa temporada: "Missing", o décimo-primeiro, que foge um pouco do esquema apresentado em todos os outros para se aprofundar no drama pessoal de Linden e seu filho. Grande episódio e o que melhor explora o clima quase sempre chuvoso de Seattle. Vejamos como a série se comportará na segunda temporada, depois da polêmica reviravolta final que tanta gente odiou.

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