quinta-feira, maio 26, 2011

O GUERREIRO SILENCIOSO (Valhalla Rising)



O Festival de Cannes deste ano não se resumiu ao escândalo envolvendo Lars Von Trier. A quantidade de filmes interessantes selecionados para esta edição foi uma das melhores dos últimos anos. E em meio a obras de destaque como os novos trabalhos de Pedro Almodóvar e Terrence Malick (que ganhou a Palma de Ouro), o prêmio de melhor diretor foi para o dinamarquês Nicolas Winding Refn, que apresentou o seu novo filme, DRIVE (2011). O cineasta vem ganhando a admiração de muitos cinéfilos mais antenados, com filmes como BRONSON (2008) e este O GUERREIRO SILENCIOSO (2009).

O GUERREIRO SILENCIOSO, que saiu no Brasil direto em DVD, é de uma beleza plástica impressionante, além de conter cenas de violência gráfica muito boas, especialmente as iniciais. Trata-se de um filme que tem algo de épico em sua estrutura, mas que vai se mostrando mais introspectivo, dando à figura do herói o caráter mais problemático da modernidade. O herói, ou anti-herói, vivido por Mads Mikkelsen, de DEPOIS DO CASAMENTO, é One Eye, um guerreiro quase invencível que é tido como escravo por um grupo de homens, que se divertem com suas lutas brutais e o guardam como um animal em uma jaula. Depois que ele alcança a liberdade e mata quase todos do grupo, ele é seguido apenas por uma criança, o garoto que costumava alimentá-lo.

Como o filme se passa próximo do ano 1.000 d.C, a região da Dinamarca estava começando a ser povoada pelos primeiros cristãos - chamados vikings cristãos nos créditos finais -, os homens que convidam One Eye para se juntar a eles numa ida à Jerusalém. One Eye não fala, mas por alguma razão, outros, como o garoto, por exemplo, respondem por ele, como se recebessem dele mensagens telepáticas.

O filme é mais contemplativo do que se espera, com momentos de completo silêncio. A fotografia em scope é destaque, com sua paleta de cores diversa e bonita, que valoriza tanto as paisagens, quanto cenas mais artificiais, resultado dos momentos de interiorização do protagonista. Faltou muito pouco para que O GUERREIRO SILENCIOSO se tornasse um grande filme, o que não quer dizer que ele não mereça uma apreciação devida e respeitosa.

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