quinta-feira, maio 12, 2011

CONTOS ERÓTICOS



Bem que o cinema poderia nos oferecer mais desses filmes em antologias. Na literatura, o formato de conto é muito utilizado e valorizado. No cinema, ainda predomina o longa-metragem convencional. O cinema brasileiro, então, até parece ter perdido o interesse por esse formato de vários pequenos filmes reunidos em um único longa-metragem, que era tão comum nas décadas de 70 e 80.

CONTOS ERÓTICOS (1977) era um filme que eu queria ver desde o início de minha cinefilia. Tinha visto a resenha na revista SET, mas nunca encontrei a fita para alugar nas locadoras daqui. Só agora, com a boa vontade de pessoas que disponibilizam na internet essas raridades é que pude me beneficiar com a possibilidade de, então, poder assisti-lo.

Ao contrário do que parece – e até do que eu esperava – CONTOS ERÓTICOS não tem tanto erotismo, não. Acredito que a preocupação do cinema brasileiro na década de 1970 ainda não era pelo exploitation. Por isso que os filmes mais eróticos, digamos assim, desta década, são mais sutis, diferente da década de 1980, quando tudo foi mais escancarado. Ou deliciosamente escancarado. A grande vantagem de CONTOS ERÓTICOS está em poder ver diretores do primeiro escalão do cinema brasileiro dirigindo pequenos filmes adaptados de contos premiados de leitores da revista Playboy.

O que eu mais gostei foi o primeiro, "Arroz com Feijão", dirigido por Roberto Santos. Nele, Joana Fomm é uma mulher que recebe o sobrinho que vem do interior e que vem à sua casa diariamente para almoçar. Enquanto o marido está longe, ela fica tentada a agarrar o rapaz. Erotismo suave e andamento narrativo agradável. "As Três Virgens", de Roberto Palmari, mostra uma bela jovem que é enviada para três velhas tias solteironas para se esconder do namorado proibido. Bom filmete, mas tirando a nudez final, o erotismo passa longe. O mesmo se pode dizer de "O Arremate", de Eduardo Escorel. A não ser que alguém curta cena de velho (Lima Duarte) tentando estuprar garota indefesa por causa de uma dívida com o pai da moça. Finalmente, o mais famoso de todos é "Vereda Tropical", de Joaquim Pedro de Andrade, que mostra Cláudio Cavalcanti mandando ver numa melancia. Além das cenas dele "namorando" e dando um trato na fruta, há também as conversas divertidas com Cristina Aché sobre as vantagens do sexo hortifrutigrangeiro. O cartaz do filme, inclusive, traz uma melancia com um corte aberto em formato de vagina. Genial.

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